Por Heron Guimarães

 

Desde o enfraquecimento das manifestações do ano passado, a expectativa se voltou para a Copa do Mundo. A pergunta, feita a todo tempo e em todo lugar, é se os protestos vão ocorrer durante o Mundial e se eles terão a mesma força que tiveram em 2013.

A princípio, ninguém ousa duvidar da força que vem das ruas e do impulso das redes sociais. Tão pouco, alguém é capaz de garantir que as multidões se espalharão por nossas capitais.

Algumas tentativas de mobilização foram colocadas em prática neste início de ano. Nenhuma delas foi bem sucedida. Até a Polícia Militar da Bahia mostrar do que é capaz. A tropa cruzou os braços, e a baderna tomou conta de Salvador, praça que receberá nada mais nada menos do que as seleções da Espanha, Holanda, Alemanha, Portugal e França.

A baderna e a quantidade de saques ocorridas em estabelecimentos comerciais soteropolitanos deixaram governos e população em estado de terror. Greves, paralisações e as eventuais chantagens de algumas categorias de servidores públicos lotados em áreas estratégias, de certa forma, já eram esperadas, mas a rapidez com que baderneiros de plantão perceberam a ausência efetiva dos policiais nas ruas é mais um sério fator de preocupação para a segurança da Copa.

 

AUMENTANDO A TENSÃO

 

A notícia rapidamente ganhou os sites noticiosos de todo o mundo e certamente aumentou ainda mais a tensão do governo federal, que, na era Lula, imaginava fazer da maior festa do futebol uma vitrine para um país que se revelava para o mundo como potência regional e exemplo de desenvolvimento.

Porém, mais do que expor as chagas da economia titubeante e as desgastadas relações sociais da nação, o protesto militar dos últimos dias mostrou que a dor de cabeça do governo vai bem além dos Black Blocs, muito bem utilizados pelas autoridades para criar o temor de pessoas de bem em relação aos protestos contra impunidades, corrupções e desmandos da classe política brasileira.

Tirando a África do Sul, que até enfrentou alguma instabilidade social durante a Copa de 2010, com a greve de funcionários da construção civil e algumas investidas contra turistas, mas nada que chegasse perto da insatisfação generalizada no Brasil, não se tinha notícias de tumultos ou riscos como os vemos aqui.

Dilma Rousseff, que já enfrenta um terrível desgaste com as acusações de corrupção e gestão temerária na Petrobras, terá, por causa dessas ameaças à Copa, meses angustiantes.

Ficará à espreita, torcendo pelo Brasil, mais do que qualquer fanático pela Seleção Brasileira. E, no dia 13 de julho, quando o juiz der o último apito no Maracanã, sua sorte estará selada. Poderá respirar aliviada ou terá taquicardias e verticulites cada vez mais intensas. (transcrito de O Tempo)

 

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