ALEMANHA TEVE HUMILDADE E APRENDEU COM OS ESPANHÓIS A MODERNIZAR SEU FUTEBOL

Por Marcos Paulo Lima / Correio Braziliense

 

Ao bordar a quarta estrela no peito, contra a Argentina, a Alemanha tem de enviar uma carta de agradecimento à Real Federação Espanhola — que hoje viu Carles Puyol devolver a taça antes da final no Maracanã — por tê-la ajudado a conquistar o tetracampeonato.

Em julho de 2008, depois de perder a final da Eurocopa justamente para La Roja, a associação germânica fez um pedido humilde para aprender um pouquinho sobre a revolução em curso liderada, à época, pelo técnico Luis Aragonés. A resposta positiva transformou a Alemanha em uma espécie de inimiga íntima do estilo espanhol.

Treinadores, como o alemão Uli Stielike e o próprio Joachim Löw, viajaram algumas vezes até Las Rozas para encontros com dois dos mentores da transformação espanhola: Juan Santisteban e Ginés Meléndez, ambos responsáveis pelas divisões de base da Espanha. Lá, aprenderam que a Real Federação Espanhola tem olheiros em todos os cantos do país à caça de novos talentos. Souberam também que seleções estaduais de garotos se enfrentam anualmente em competições de base.

O projeto espanhol foi clonado e vem sendo colocado em prática com a eficiência germânica. Um ano depois, a Alemanha acabou campeã da Eurocopa Sub-21. Seis titulares de Joachim Löw na final de hoje eram as estrelas daquele título: Neuer, Hummels, Höwedes, Özil, Khedira e Boateng.

Nas Eliminatórias para a Eurocopa Sub-19 deste ano, o feitiço virou contra o feiticeiro. A Alemanha terminou em primeiro lugar e deixou a Espanha fora da fase final do torneio, a partir do próximo dia 19.

Além da revolução na base, a Alemanha contou com a colaboração de dois treinadores de ponta importados pelo Bayern de Munique — referência do time que entra em campo hoje. “Louis van Gaal e Pep Guardiola expandiram o horizonte de nós, jogadores do Bayern. Parte do que nós aprendemos com eles dois está sendo revertida, agora, na seleção nacional e nos beneficiando”, testemunhou, ontem, o meia Schweinsteiger.

Nesta Copa, o auxiliar técnico de Joachim Löw, Hansi Flick, confirmou a espanholização e a holandização do estilo alemão. “Em 2010, nós tínhamos um estilo de jogo mais profundo, com transições muito rápidas da defesa para o ataque. O problema é que os adversários aprenderam a anular essa maneira de atuar. Eles passaram a se fechar na defesa, e isso nos fez buscar outras soluções. Mas o contra-ataque ainda é um dos nossos pontos fortes.”

 

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