Por Pedro do Coutto
Em reportagem publicada na edição de O Globo de terça-feira 14, Fernanda Krakovics e Maria Lima sustentam que as eleições presidenciais deste ano vão ser decididas com base nos votos de cinco estados chave: São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia , Minas Gerais e Pernambuco, unidades da Federação que deram 61% dos votos obtidos por Marina Silva, os quais, agora, nesta reta de chegada, estão sendo disputados por Dilma Rousseff e Aécio Neves. Têm razão, penso eu. Mas não só por este ângulo. Também pelo fato de reunirem em seu conjunto – coincidência numérica – também 60% do eleitorado brasileiro.
Por isso, neles os dois candidatos ao Planalto vão concentrar suas atuações nos dias derradeiros da campanha. Pernambuco pelo efeito simbólico sobre a transferência de votos que a viúva de Eduardo Campos, Renata, seus filhos, puderem fazer para Aécio Neves. Pois no primeiro turno, Marina venceu no estado por 48 a 44% de Dilma Rousseff enquanto Aécio ficou na escala de 6 pontos, Foi o único estado nordestino no qual Dilma não foi a mais votada.
São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia por significarem em torno de 60% do total de eleitores. No primeiro turno, em São Paulo, Aécio surpreendeu com 44%, deixando Dilma em segundo com 26 e Marina logo após com 25%. A disputa dar-se-á em relação a estes 25%. No Rio de Janeiro, Rousseff liderou com 35,6%, seguida de Marina (31) e de Aécio com 27 pontos. A disputa – acentuam Fernanda e Maria Lima – será pelos 31 pontos que a candidata do PSB alcançou.
Em Minas Gerais, a atual presidente fechou o primeiro turno com 43,4 pontos, Aécio foi o segundo com 39,7, Marina em terceiro com 14%. Finalmente na Bahia, quarto maior colégio nacional de votos, Dilma chegou a 61 pontos, deixando Aécio e Marina Silva empatados na escala de 18%.
ESPÓLIO DE MARINA
Falamos em divisão dos votos obtidos por Marina Silva. Divisão não significa que em partes iguais. E sim desiguais, uma vez que o Datafolha já divulgou pesquisas revelando que , de modo geral no país, a maioria dos que votaram em Marina Silva deslocou-se para Aécio Neves mesmo antes de a ex ministra do Meio Ambiente formular concretamente seu apoio ao senador mineiro.
A reportagem de O Globo traçou o panorama básico do desfecho, para o qual certamente vão convergir não somente as viagens dos candidatos, mas também as mensagens que devam dirigir aos cinco estados por intermédio dos dias que faltam para terminar o horário político nas emissoras de televisão e rádio. Os cinco estados apresentam-se, assim, como a síntese do próprio país por abrangerem a maior parte do eleitorado apto a comparecer às urnas do próximo dia 26.
Por essa razão, as assessorias de um e de outra devem trabalhar em dobro nestas duas últimas semanas, descobrindo reivindicações que ficaram esquecidas com o passar do tempo para focalizá-las e, dessa forma, conquistar votos ainda indecisos em favor de cada um. Isso de um lado. De outro, na etapa que se aproxima do desfecho é tempo de mobilização das estruturas partidárias na luta nos metros derradeiros do desfecho. Estrutura que Marina Silva não possui e muito menos o PSB conseguiu montar. Aliás, por falar em PSB, o artigo do ex-presidente da legenda, Roberto Amaral, publicado na Folha de São Paulo de 14, revelou claramente a cisão que minava o partido nos seus bastidores. Vamos esperar por novas pesquisas e verificar se, desta vez, as urnas confirmam.
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