A educação em tempo integral, modalidade em que o estudante fica ao menos sete horas na escola, é uma das bandeiras dos candidatos à Presidência na corrida eleitoral. O tema ganhou mais força na semana passada quando Marina Silva (PSB), terceira colocada no primeiro turno, apresentou uma lista de exigências para declarar apoio a Aécio Neves (PSDB). A proposta estava lá. Apresentada como estratégia central para o aprimoramento da educação básica no país, a educação integral merece mais reflexão do que permitem as respostas, réplicas e tréplicas dos debates de TV.
Para especialistas ouvidos por VEJA.com, a promessa de expansão da jornada escolar não leva em conta o aumento de investimentos necessário para que as escolas não se tornem meros depósitos de crianças em tempo integral. Isso teria impacto nas contas da União e também de governos locais. Hoje, o governo federal complementa o custeio da educação repassando a Estados e municípios recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), um bolo que este ano gira em torno de 2,05 bilhões de reais.
“As escolas que oferecem período integral recebem, do Fundeb, recursos entre 10% e 30% superiores às demais. Contudo, os valores repassados só são suficientes porque a maior parte das atividades do contraturno são realizadas em parceira com ONGs e voluntários, não com professores”, diz Marcelino de Rezende Pinto, professor da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em financiamento da educação. “Para fazer a ampliação da jornada com qualidade, o repasse deveria ser 50% maior.”
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