Por Pedro do Coutto
Reportagens de Ricardo Mendonça, Folha de São Paulo, e de Renato Onofre, Sergio Roxo e Simone Iglesias, O Globo, publicadas nas respectivas edições de ontem, sexta-feira, destacaram os números das pesquisas do Datafolha e do IBOPE, as quais apontam vantagem considerável – acima das taxas de erro – em favor de Dilma Rousseff que, caso confirmada, asseguram a reeleição da atual presidente. Para o Datafolha uma diferença de 6 pontos, na visão do Ibope, de 8 pontos. Difícil para Aécio Neves reverter o quadro, sobretudo porque, neste final de campanha, ele tem perdido votos e Dilma acrescentado sufrágios.
Escrevo na tarde de sexta-feira, antes portanto do debate de logo mais à noite na Rede Globo. Mas a questão essencial, sob o ângulo dos dois institutos, é que eles vão (novamente) enfrentar as provas das urnas. No primeiro turno, houve diferenças marcantes. Tanto o Datafolha quanto o Ibope. A sorte de ambos, contudo, foi que acertaram as três primeiras colocações: Dilma, Aécio e Marina. Mas erraram no caso do Rio de Janeiro quando apontaram que o segundo turno seria entre Pezão e Garotinho. Marcelo Crivella superou os votos de Garotinho. Na Bahia, apontavam um empate entre os candidatos. O PT venceu por maioria absoluta. Não houve segundo turno.
SEM EXIMIR OS ERROS
Mas, sem querer eximir os erros verificados no turno de 5 de outubro, devemos considerar a existência de um universo diferente para o confronto de domingo, segundo turno. Por exemplo: eram onze os candidatos à presidência da República. Agora são apenas dois. Pesquisas tornou-se assim muito mais fácil. A dualidade é muito mais simples que a multiplicidade.
No primeiro turno eram mais de 100 candidatos concorrendo nos 27 governos estaduais, incluindo Brasília. Amanhã o número é algumas vezes menor. Pois nos estados em que haverá segundo turno, são dois apenas os adversários em cada um deles. Além desse aspecto, no turno de 5 de outubro, mais de 120 foram os candidatos ao Senado Federal, pleito também majoritário, com a diferença de sua disputa se verificar em confronto único, sem a exigência da maioria absoluta.
Todos esses fatores podem ter complicado a elaboração do levantamento, envolvendo tanto os entrevistadores quanto os eleitores ouvidos. Mas não é esta a questão essencial.
CONTRAPROVA DOS VOTOS
A questão essencial é que Datafolha e Ibope enfrentam amanhã, a contraprova dos votos nas urnas. Um desafio. Alias deve-se assinalar que as pesquisas eleitorais são as únicas que podem ter seus resultados comprovados na pratica. As demais, não.
Todos sabem que a Rede Globo lidera a audiência com grande folga. Mas os resultados não são revelados à sociedade, pelo menos com a intensidade das pesquisas eleitorais. Qual o carro mais vendido por categoria? Quais os supermercados preferidos? Qual a cerveja? Qual o banco que reúne e adiciona diariamente mais clientes, e qual o perfil sócio econômico dos clientes? Qual a empresa aérea mais preferida?
Todos esses dados integram uma série de pesquisas programadas. Mas não são tão expostos, nem de longe, com o confronto dos resultados eleitorais. Assim a verdade das urnas constitui um eterno desafio. Não apenas para o Ibope e o Datafolha, mas para toda população do país.
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