Por Carlos Chagas

SURPRESA: O POVO MUDOU! ou ACERTAMOS MAIS UMA VEZ! – Uma dessas duas afirmações como manchete ou notícia de primeira página, com as necessárias adaptações, serão apresentadas segunda-feira pelos principais jornais envolvidos com os maiores institutos de pesquisa. Ao contrário do primeiro turno, quando mascararam o vexame dos institutos, os matutinos não terão outra alternativa senão desmentir ou confirmar seu noticiário anterior. Claro que sempre justificando sua posição, dentro daquela tradicional máxima de terem sempre razão.

Depois do flagrante erro da primeira votação na maioria das eleições estaduais e até na corrida presidencial, as empresas empenhadas em decifrar as tendências populares começaram cautelosas na segunda. Há quinze dias, Ibope e Datafolha preferiram poupar-se. Saíram com a previsão de empate técnico, com 51 para Aécio e 49 para Dilma. Assim ficaram até esta semana anterior à eleição, quando inverteram os números, dando 6 e até 8 pontos de diferença para Dilma. Não devem ser acusados de manipulação, até prova em contrário, mas fica difícil explicar mudança tão ampla das tendências populares. São no mínimo 4 milhões de votos alterados. Será que o eleitorado mudou mesmo ou já se havia definido da forma como se definirá? Ou será que…

No fundo está a precariedade de substituir 143 milhões de eleitores por no máximo 9 mil. Fica difícil acertar, por mais que metodologias esotéricas sejam aplicadas.

Assim chegamos ao dia de hoje, quando conheceremos a verdadeira pesquisa.Tanto pode vencer Dilma Rousseff, para alegria dos dois maiores institutos, quanto Aécio Neves, favorecido pelas empresas menores. Do que ninguém se espante, porém, será da explicação de todos, obrigatoriamente endossada pelos jornalões: ou o povo mudou ou eles acertaram…De qualquer forma, prevalecerá aquela sábia lição árabe do “Maktub”: estava escrito há mil anos…

DEVE TOMAR CUIDADO

Há quem se debruce de forma inusitada nas consequências de uma vitória de Dilma: o maior prejudicado será o Lula. Mesmo com os destemperos dos últimos dias, quando aderiu por inteiro à campanha da sucessora, agredindo virulentamente Aécio Neves, o ex-presidente perderá espaço no novo governo. A criatura não deixará de inflar seu ego e imaginar-se detentora de uma liderança isolada e independente. Poderá compor o seu próprio ministério e traçar suas diretrizes de governo sem a tutela do antecessor. Quanto às eleições de 2018, estão bem longe.

RAZÃO COM O CONSELHEIRO ACÁCIO

Oportuno se torna lembrar o Conselheiro Acácio, personagem ímpar de Eça de Queirós, para quem “o poder é muito poderoso”. No fundo de tudo está a responsabilidade dos tucanos, porque deles foi a iniciativa de impor a reeleição. O resultado pode estar próximo…

 

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