Por Carlos Chagas
O imperador Tibério, sucessor de Augusto, desprezava as lisonjas. Quando o Senado quis dar seu nome a um dos doze meses do ano, como fizera com César (julho) e Augusto (agosto), reagiu: “o que fareis quando tivermos treze césares?”
A presidente Dilma deve prestar atenção aos bajuladores de olho no futuro ministério. São 39, até agora, mas o número de pretendentes é muito maior. Se for para trocar nomeações por maioria no Congresso, logo teríamos 58 ministérios, que não bastariam para tantas sinecuras. Aliás, 12 deveria ser o limite, como para os meses do ano…
Para continuarmos buscando paralelos com a antiga Roma, é preciso lembrar que o nome César virou sinônimo de Imperador, exemplo seguido pela Alemanha, que criou o “kaiser” e a Rússia, com o “csar”. Aqui no Brasil, não demora que “Lula” venha a designar os futuros presidentes da República, se depender do grupo mais aguerrido dos companheiros…
DECISÃO FUNDAMENTAL
Dilma chega terça-feira, com o governo abalado pelo prolongamento do escândalo da corrupção na Petrobras, depois de uma semana inteira de vilegiaturas pelo outro lado do mundo. Há quem julgue estar próxima a designação do novo ministro da Fazenda, sendo que valorizaram-se as ações de Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, convocado para acompanhar a presidente na reunião do G-20. Dadas as opiniões expressas por ela durante a campanha, fica difícil imaginar a escolha de um banqueiro, caindo a cotação de Henrique Meirelles, cuja principal dificuldade não está em suas origens, mas no fato de entender mais de economia do que a chefona.
CAIU A MÁSCARA
Pior espetáculo não poderia ter encenado a equipe econômica já escoando pelo ralo do que haver proposta mudanças na legislação de cálculo do superavit nas contas do governo, de modo a esconder o deficit do ano em curso.
Mudar as regras do jogo depois dele começado, sempre que na iminência de perdê-lo, foi prática usual dos presidentes militares, desde a prorrogação do próprio mandato e a extinção dos partidos políticos pelo marechal Castello Branco até a criação de senadores biônicos e a vinculação total de votos, pelo general Ernesto Geisel.Pois não é que o governo dos companheiros apela para o mesmo vexame? O problema é que nos idos castrenses os detentores do poder faziam o que bem entendiam. Hoje, no regime democrático, o Congresso não é obrigado a curvar-se, como antes.
CARTAS ANÔNIMAS
Agora que boa parte dos 39 ministros apresentou ou prepara-se para apresentar cartas com pedidos de exoneração, salta aos olhos a mediocridade da equipe de governo. Existem ministros cujo nome ninguém sabia, mesmo ocupando pastas de importância.Vale evitar o constrangimento de citações nominais, mas jamais se viu grupo tão insosso, inodoro e incolor. Talvez fosse essa a intenção da presidente Dilma quando os nomeou: escolher a mediocridade para fazer brilhar sua estrela de comandante em chefe. Só que com uma tropa assim, ninguém ganha a guerra, como esse melancólico final de ano vem demonstrando.
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