Por Carlos Chagas
Na iminência da divulgação pelo procurador-geral da República da nova lista de envolvidos no escândalo da Petrobras, agora referente a deputados e senadores, emerge o fantasma da impunidade. Ninguém garante que os possíveis acusados já não se tenham blindado através de competentes advogados, prontos para apresentar uma só defesa. No caso, o reconhecimento de terem recebido das empreiteiras e de seus asseclas vultosas quantias, mas para ajudá-los nas campanhas eleitorais. Ignoravam sua origem e, em especial, que provinham de desvio de recursos públicos, do superfaturamento e de aditivos de contratos celebrados com a estatal petrolífera.
O argumento, apesar de falso, faz sentido e poderá ser admitido pelo relator do processo, ministro Teori Savaski, e os demais ministros do Supremo Tribunal Federal. Nessa hipótese, as denúncias assinadas por Rodrigo Janot não seriam aceitas, a menos que o procurador-geral dispusesse de provas concretas sobre a participação de parlamentares na lambança. Afinal, doações eleitorais feitas por empresas privadas são permitidas por lei. Até as campanhas de Dilma Rousseff e Aécio Neves foram aquinhoadas com milhões de reais por parte das empreiteiras. Evidenciar que parlamentares e partidos ajudaram na concessão de contratos fajutos não parece fácil. Será a palavra dos delatores contra a suposta indignação dos parlamentares.
Esse nó precisa ser desatado, pois apesar das expectativas, vem impedindo a divulgação da lista. Provas testemunhais, como a dos dois bandidos beneficiados pela delação premiada, não substituem provas documentais. E essas não se resumem a anotações em folhas sem timbre nem assinaturas, como as apreendidas nas sedes de algumas empreiteiras. Uma folha de papel, já se disse, aceita tudo, desde a poesia mais bonita até a mais execrável das mentiras, bastando que se disponha de um lápis.
Não deixa de ser vergonhosa essa argumentação, superada pela evidência dos fatos e pela indignação nacional, mas, infelizmente, é o cenário que se desenha. Os corruptos estão temerosos, por certo, mas também confiantes em que escaparão das condenações, das cassações e da prisão. Impunidade, seu nome é Brasil! A menos que a Providência Divina e o Supremo Tribunal Federal venham em nosso socorro.
MOMENTO SUBLIME
As quatro horas e meia em que Pedro Simon ocupou a tribuna do Senado, esta semana, inscrevem-se num dos mais sublimes momentos da política nacional. Comprovam que nem tudo está perdido, apesar dos percalços com que os tempos atuais nos agridem. Três mandatos de senador, depois de governador, deputado e vereador, elevam o representante gaúcho aos mais altos patamares da ética e da dedicação à causa pública. Seus oitenta e quatro anos de idade só reforçaram a força e o vigor de sua participação na tribuna e na História, aliás, longe de estar encerrada. Simon vai dedicar-se a atender os montes de convites de centenas de universidades ávidas a ouvir seus conselhos e a aplaudir sua indignação diante do mais hediondo dos males que nos assolam, a impunidade.
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