O ano ainda nem terminou e o primeiro mês de 2015 já é sinônimo de dor de cabeça para alguns consumidores, preocupados com os gastos rotineiros desta época do ano – IPTU, IPVA, licenciamento, material escolar, matrículas, viagens de férias, entre outras despesas.

Marcos Crivelaro, educador financeiro da FIAP, afirma que os meses entre dezembro e janeiro costumam ser um período em que o consumidor “perde a mão” por distração. “É uma época de muita movimentação de dinheiro fora de rotina. A gente perde a mão porque está num espírito festivo, e depois gasta alguns meses para arrumar a besteira que fez.”

Para o consultor financeiro Rogério Olegário do Carmo, da Libratta Finanças Pessoais, o “desespero” de ano novo é muito comum entre os brasileiros. “Chega no final de ano, as pessoas se perguntam: ‘como eu vou resolver o problema de gastos extraordinários?’. Mas os gastos não são extraordinários, e sim recorrentes”, aponta o especialista, explicando que as contas de dezembro e janeiro já são esperadas.

 

Veja abaixo dicas que especialistas deram ao G1 para se organizar com os gastos de ano novo

 

1. Separe ao menos uma parte do 13º para as despesas

“Já dá para reservar uma parte desse 13º para esses gastos que não são imprevistos. É uma forma de já se preparar para eles”, diz o especialista Roberto Vertamatti, membro do conselho da Associação Nacional dos Executivos de Finanças. Administração e Contabilidade (Anefac). Para quem já gastou a primeira parcela do benefício com presentes de Natal, Vertamatti aponta que a segunda parte precisa ser poupada. “Pelo menos metade deveria estar reservada para o começo do ano”, diz.

 

2. Identifique o valor da renda que já está comprometido

Marcos Crivelaro afirma que as parcelas do 13º, especialmente se vierem junto com bônus e férias, podem dar a impressão de que o empregado recebeu uma “bolada” e estimular gastos. “Minha primeira dica é fazer uma listagem de pelo menos três meses, de dezembro a fevereiro, do que já está comprometido dentro desse valor, como impostos, matrícula, uniforme escolar. Tem que separar o que já está contratado e obrigado dentro desse ‘montão’ de dinheiro e que já não é mais do consumidor.”

 

3. Se possível, pague dívidas à vista

Consumidores em busca de descontos têm no pagamento à vista um bom aliado, lembra Janser Rojo. O IPVA, por exemplo, tem um valor menor se o motorista escolher pagar o imposto de uma só vez. Mas o especialista alerta que o desconto não compensa se o pagamento integral comprometer o orçamento familiar. “Se isso for apertar muito o orçamento, não tem problema nenhum em pagar parcelado para conseguir organizar melhor o fluxo de caixa.”

 

4. Avalie se compensa gastar as economias com pagamentos à vista

Roberto Vertamatti aponta que, em alguns casos, compensa tirar dinheiro da poupança, por exemplo, para pagar uma dívida à vista. “Se os juros do desconto forem maiores que o rendimento da poupança ou renda fixa, é melhor tirar o dinheiro da aplicação e pagar”, explica, acrescentando que o valor sacado precisa ser reposto.

 

5. Se precisar escolher alguma coisa para parcelar, eleja de acordo com os juros e descontos

Se pagar todas as despesas de janeiro for desequilibrar o orçamento, é necessário escolher quais dívidas serão parceladas. Janser Rojo recomenda priorizar pagar à vista as despesas que oferecerem descontos maiores, assim como aquelas em que os juros do parcelamento sejam mais altos.

 

6. Combine com as pessoas mais próximas e troque presentes de Natal em janeiro

Um casal, por exemplo, pode combinar de trocar presentes apenas em janeiro, quando as lojas entram em liquidação. “É uma maneira inteligente de economizar mantendo a qualidade dos presentes. Para outros familiares e pessoas não tão próximas, pode pensar e economizar em presente também. Em vez de comprar um presente para cada pessoa de uma família, se pode dar para uma mesma família um presente só, para a casa”, diz Janser Rojo.

 

7. Substitua algumas comemorações em restaurantes por jantares em casa

Roberto Vertamatti lembra que “alimentação em restaurantes e bares de maneira geral subiu muito acima da inflação”. “Escolha com muito critério e, se for o caso, em vez de fazer duas ou três comemoração fora, faça uma. Talvez seja melhor substituir por uma comemoração em casa, onde todos participem, com certeza vai gastar muito menos, além de evitar a despesa do estacionamento.”

 

8. Não é preciso deixar de festejar no Natal, mas fique atento aos excessos

Marcos Crivelaro recomenda escolher entre os presentes e as festividades que são prioridade. “Com tantos ‘amigos secretos’, lembrancinha aqui e ali, se for participar de todas dando presente de bom valor, acaba com boa parte do seu orçamento comprometido.” Janser Rojo diz que “o que vale é o equilíbrio”. “Muitas vezes vale mais a pena uma ceia mais simples, com o significado da família unida, sabendo que a família vai entrar bem no começo do ano.”

 

9. Se precisar comprar itens para a casa, fuja das lojas em dezembro e espere o mês seguinte

“No Natal, muita gente já aprendeu que não vale a pena ir às compras com tanta vontade porque depois tem as promoções de janeiro”, diz Marcos Crivelaro. “Se você quer comprar itens caros para a sua casa, como uma geladeira, não se deixe influenciar pelas festividades.”

 

10. Se não foi possível planejar a viagem de férias com antecedência, deixe para julho ou meses de baixa temporada

Pacotes de Natal, por exemplo, costumam ser mais baratos que os de Réveillon, diz Marcos Crivelaro. Outra recomendação é trocar pacotes de alta temporada por outros meses, como outubro. Mas se a família não tem alternativa e tem apenas os meses de férias escolares para viajar, a dica é planejar com antecedência. “Mesmo julho sendo alta temporada, você vai conseguir pesquisar melhor preços de hotéis, passagens. Quanto mais de última hora, menores são as opções. Só vão sobrar as opções mais caras, porque as mais baratas já foram pegas por quem se planejou antes”, diz Janser Rojo.

 

11. Não deixe o parcelamento de uma viagem se acumular com as despesas de janeiro

“Se as férias significarem que você vai fazer dívida, deixe para o meio do ano. O parcelamento das férias pode ser um peso adicional”, diz Roberto Vertamatti. Ele aponta que adiar a viagem para as férias de meio de ano é uma alternativa para casos em que o parcelamento do passeio irá atropelar as contas de janeiro.

 

12. Durante as férias, troque cartões por dinheiro vivo

Durante uma temporada na praia com a família, pagar quitutes na areia e refeições em restaurantes apenas com cartão de débito e crédito pode ser perigoso, diz Marcos Crivelaro. “Se você joga tudo no cartão, não vê o dinheiro indo embora. Mas se pega um ‘bolo’ de dinheiro e vai tirando nota por nota, se manipula o dinheiro físico, tem um controle maior – principalmente quando se tem crianças.”

 

13. Não faça todas as refeições fora de casa durante as férias

Especialmente para famílias com crianças em férias escolares, tentar entretê-las com refeições fora de casa muitas vezes pode gerar excesso de gastos. “Se for comer todo dia em restaurante, sai extremamente caro. Fazer comida em casa sempre vai ficar mais em conta”, diz Marcos Crivelaro.

 

14. Tente antecipar alguns itens da lista de material escolar para dezembro

Com o aumento da procura por esse tipo de produto em janeiro e fevereiro, os preços tendem a aumentar, explica Roberto Vertamatti. Em dezembro, os valores costumam ser mais baixos. Embora muitas escolas só disponibilizem a lista de materiais em janeiro, alguns itens são sempre esperados, como lápis e cadernos. “Vale comprar em condições mais favoráveis os itens que se sabe que todos os anos são comprados. Mas, se for deixar para janeiro, veja em duas ou três lojas e faça a comparação.” Por outro lado, Janser Rojo afirma que os itens mais previsíveis podem ser pouco expressivos na conta final.

 

15. Procure outros pais para aumentar o volume de compras de material escolar e negociar desconto

“Às vezes, o conjunto pode conseguir um desconto maior pelo todo, mesmo que um item seja maior em relação a outras lojas”, diz Roberto Vertamatti. Para Janser Rojo, uma boa alternativa é comprar em maior quantidade para tentar negociar um desconto – valendo inclusive unir-se a outros pais para aumentar a compra.

 

16. Não entre no crédito rotativo para pagar as despesas

A dica vale para todas as épocas do ano, lembra Roberto Vertamatti. Pagar a fatura mínima do cartão de crédito ou entrar no cheque especial pode trazer problemas para o consumidor. “Cartão de crédito e cheque especial não é dinheiro no bolso, é dívida. Use o crédito rotativo somente em uma emergência.”

 

17. Tente evitar parcelamentos que se arrastem 2015 adentro

“Sempre que você tiver dinheiro e não estiver ‘justo’, ou seja, se tiver alguma folga’, é melhor começar o ano pagando o que deve. Se tem dívidas rolando de novembro, dezembro, zere o ano, faça um acordo por essas contas que estão rolando”, diz Marcos Crivelaro. O especialista aponta que essa é uma saída para evitar cair na inadimplência. “O problema da inadimplência muitas vezes é a sobreposição de muitas parcelas pequenas que, de repente, somando tudo dá R$ 3 mil e a pessoa ganha pouco mais de R$ 2 mil.”

 

18. Se vai encerrar o ano na inadimplência, tente transformar todas as dívidas em uma só

Para os consumidores que não conseguiram tirar seus nomes da lista de devedores em 2014, Janser Rojo recomenda a tentativa de renegociação. Se um cliente possui pendências com quatro empresas diferentes, por exemplo, pode tentar quitar todas elas a partir de um acordo bancário e ficar apenas com a dívida da instituição financeira. “A principal dica é tentar transformar todas as dívidas em uma só, em um acordo no banco do valor total. Assim, se pode conseguir juros mais baixos do que se teria com cartão de crédito ou cheque especial, por exemplo, para ter uma dívida mais barata.”

 

19. Não é cedo demais: comece a planejar as contas de ano novo de 2016

Para os consumidores que se endividaram demais no final deste ano e preveem um rombo orçamentário muito grande no começo de 2015, Rogério Olegário do Carmo afirma que o principal a se fazer no momento é levar a experiência como lição para o ano seguinte. “A essa hora, já não tem mais o que fazer [pelas contas de 2014. Mas aí eu aprendo a lição e no ano que vem prometo fazer o planejamento para material escolar, impostos, viagem de férias, revisão do carro, presentes de natal. São gastos que já estão na nossa conta”, diz.

 

20. Com o planejamento de gastos, verifique se não tem despesas a mais

“Em janeiro eu pago o material escolar e já planejo o do ano seguinte, por exemplo. Todo mês eu guardo um pouquinho. Mas e se eu começar a fazer isso e faltar dinheiro para as outras coisas? Esse raciocínio diz que a pessoa está com gastos superiores à sua possibilidade, mesmo que aparentemente ela feche o mês no azul”, diz Rogério Olegário do Carmo. (G1)

 

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