Por Carlos Newton 

Poderia ser um dia festivo, se existisse aqui uma política de apoio real aos idosos, ou seja, àqueles que se empenharam para construir um país melhor para os mais jovens. Mas esta não é realidade, e a decepção dos aposentados e pensionistas é mais do que procedente. A atual política é massacrante e não pode ser mantida eternamente, pois tende a nivelar por baixo todos os benefícios, o que representa uma inominável injustiça justamente aos trabalhadores que mais contribuíram para manter a Previdência Social e que têm direito a receber aposentadorias pensões acima do salário mínimo.

E com um detalhe inaceitável: muitos desses aposentados passaram anos e anos contribuindo sobre 20 salários de referência, que a chamada “reforma” da Previdência reduziu para apenas 10 salários de referência, sem que essas contribuições pagas a mais tivessem sido devolvidas, numa flagrante apropriação indébita de recursos do contribuinte.

Outra apropriação indébita é cobrar INSS de aposentado que volta a trabalhar, confiscando parte de sua remuneração sem qualquer compensação futura, o que simplesmente é o oposto da filosofia de criação da Previdência Social.

Já revelamos aqui na Tribuna da Internet que circula na internet, causando desapontamento e revolta, uma reveladora tabela que contém um quadro comparativo de benefícios pagos pelo INSS entre 1997 e 2014. O gráfico mostra que os benefícios equivalentes ao salário mínimo subiram 503,25% de 1997 a 2014, enquanto o reajuste para que aposentados e pensionistas que recebem mais de um mínimo foi de apenas 199,07%.

A tabela serve para demonstrar os prejuízos de quem recebe mais de um salário mínimo. Em 1997, por exemplo, o salário mínimo era de R$ 120,00 e o teto do INSS estava em R$ 1.031,87. Ou seja, era de 8,59 salários mínimos. Em 2014, o mínimo passou a R$ 724 e o valor máximo dos benefícios para R$ 4.390,24, equivalentes a apenas 6,06 salários mínimos. E a queda é progressiva. Em dezembro, a média nacional de remuneração dos aposentados e pensionistas era de apenas R$ 927,75, já bem próxima ao salário mínimo, que à época era de R$ 724,00.

O pior de tudo isso é saber que o reajuste das pensões e aposentadorias vem sendo baseado num índice de inflação subavaliado, que não condiz com o verdadeiro aumento do custo de vida, circunstância que aumenta ainda mais os prejuízos dos brasileiros da terceira idade. É revoltante ou não? Os aposentados e pensionistas têm algum motivo para comemorar?

 

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