Por Gerson Camarotti

 

A pesquisa Datafolha que mostrou queda de 42% para 23% na avaliação positiva do governo da presidente Dilma Rousseff deixou integrantes do núcleo do Palácio do Planalto desorientados.Já havia a expectativa de queda, por causa das medidas impopulares do ajuste fiscal e do escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras. Essa queda inclusive já era registrada em alguns levantamentos aos quais o governo teve acesso.

Mas, nas palavras de um ministro próximo de Dilma, nem no pior cenário se imaginou que a popularidade do governo fosse despencar com apenas um mês do novo mandato.A partir de hoje, integrantes do grupo da articulação política do governo devem analisar formas de estancar a hemorragia na popularidade da gestão de Dilma. Depois, ao longo dos próximos quatro anos, tentarão recuperar a avaliação positiva.

Internamente, há o reconhecimento de que é preciso, de fato, vencer a batalha da comunicação. Auxiliares do governo estão incomodados com o silêncio da presidente, que não concede entrevista desde o final do ano passado, e só fez dois pronunciamentos desde então, sem a possibilidade do contraditóro. Um pronunciamento em um evento do PT, na última sexta-feira, e na reunião ministerial do final de janeiroParlamentares que integram o grupo mais próximo do ex-presidente Lula na bancada do PT também estão assustados com os números. Na bancada, a avaliação é que Dilma não tem demonstrado capacidade de reagir à agenda negativa e retomar o comando do país. Esses parlamentares ressaltam que o afastamento progressivo de Lula ajudou a isolar ainda mais o Palácio do Planalto da base social do governo.

Nas palavras de um senador petista, Dilma precisa se reaproximar de Lula, seu principal conselheiro político do primeiro mandato.No Planalto, também há o reconhecimento de que a relação entre Dilma e Lula ficou mais distante. Mas também há o reconhecimento de que independente dos problemas políticos com o PT e com a base aliada no Congresso Nacional, é preciso tentar reagir em relação ao impacto negativo do ajuste fiscal, demonstrando que são medidas necessárias para preservar conquistas sociais.

O governo também tenta encontrar um discurso novo para a crise energética e a crise de abastecimento nos estados. Também está sendo pensada uma nova abordagem em relação ao escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras, que tem sangrado a avaliação positiva do governo.Uma coisa é certa. Com a avaliação positiva despencando, o governo sabe que enfrentará uma resistência ainda maior de sua base aliada no Congresso Nacional, o que deixará a presidente Dilma Rousseff refém dos partidos governistas, que não escondem sua insatisfação com o governo, como o PMDB.

“Num momento de fragilidade política, será preciso ter como prioridade recuperar a relação com a base aliada no Congresso Nacional. Essa não é a hora para deixar um flanco aberto, tanto na Câmara quanto no Senado”, observou esse ministro próximo à presidente Dilma.

 

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