Ferido e vulnerável

Nos bastidores de Brasília corre solta a versão de que os presidentes do Senado e da Câmara foram incluídos na lista de Janot, que relaciona os envolvidos na operação Lava Jato, por uma manobra do Governo, para fragilizar o Congresso neste momento tão difícil que a presidente Dilma enfrenta, estando programado para 15 de março um ato nas ruas pedindo o seu impeachment.

Com um Congresso igualmente comprometido pelo escândalo, segundo os comentários, não haveria ambiente para se iniciar a discussão de um processo de afastamento de Dilma, até porque pega de proa os dois dirigentes das Casas Legislativas – Renan Calheiros (PMDB-AL) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ), respectivamente do Senado e Câmara,

Os aliados de Renan e Cunha têm a convicção que o Planalto interferiu diretamente para colocar seus nomes na lista Janot. “Teve interferência sim, para colocar e tirar”, diz um parlamentar bem próximos aos dirigentes. A irritação se deve à crença de que o Planalto poderia excluir seus nomes.

“Eles estão irados porque achavam que o ministro José Eduardo Cardozo tinha poder e caneta e não quis tirá-los”, se repete, abertamente, no Palácio. Outo aliado, por sua vez, pergunta: “O que o governo ganharia ao incluir o nome de Renan?” Outro ironiza a postura do senador: “Para quem precisa de apoio no Senado, e não quer a oposição no pé, ficar contra o governo rende”.

Renan e Cunha, o presidente estão convencidos de que houve o dedo do Governo, com a atuação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, através da Polícia Federal, para incriminá-los com o objetivo de fragilizar o Congresso e dividir as atenções neste momento de crise que o país atravessa.

A presença dos presidentes do Congresso na lista Janot constrange a oposição. Na opinião pública, embalada pela indignação, deve haver forte simpatia pelo afastamento de ambos. Os líderes da oposição avaliam que a situação será muito incômoda. Eles vão ser pressionados a cortar a cabeça de quem sequer foi indiciado. A leitura nas ruas é a de que a lista é de julgados e condenados.

 

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