Carlos Chagas

O país seria mais feliz se fosse dirigido por matemáticos, capazes de reduzir tudo a equações algébricas. Desembarcasse uma comissão desses doutos em Brasília e, depois de observarem o que se passa aqui, elaborariam duas fórmulas distintas:

1) PMDB + Eduardo Cunha + PT + governo = IMPUNIDADE.

2) 45 parlamentares suspeitos + STF + PGR = CADEIA.

As duas equações se desenvolvem paralelamente, valendo aguardar para ver qual delas se completará. Porque o episódio verificado quinta-feira na CPI da Petrobras não deixa qualquer dúvida. Monitorado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o presidente da CPI, Hugo Motta, de 25 anos, desrespeitou colegas de idade provecta, cabelos brancos ou nenhum cabelo e impôs quatro sub-relatores para investigar o escândalo da Petrobras. Eles não pertencem ao PMDB, são de partidos menores, mas estão unidos por um denominador comum: livrar o maior número possível de parlamentares suspeitos de participação na lambança. Se der, até mesmo passar atestados de honestidade a todos os 45. De tabela, livrando também a cara das empreiteiras. Atuando em paralelo estão o PT e o governo, empenhados em salvar primeiro os deles, ou seja, companheiros e eventualmente ministros.

Traduzindo: uma CPI pífia, insossa e inodora, apesar dos esforços de muitos de seus integrantes, concluiria que culpados pelo Petrolão foram apenas doleiros, ex-diretores e funcionários da Petrobras e alguns diretores de empreiteiras. Entre mortos e feridos da classe política, salvar-se-iam quase todos, caso o peso da CPI venha a ser bastante para influenciar a opinião pública e os julgamentos.

DELAÇÕES PREMIADAS?

Há, no entanto, o reverso da medalha, mostrado na segunda equação. Os 45 deputados e senadores objeto de investigação certamente vão declarar-se inocentes, mas diante do rigor dos julgamentos e da sombra das punições, talvez cedam à tentação de acusar-se uns aos outros. De apelarem para delações premiadas. Ao mesmo tempo, não há por que admitir o Supremo Tribunal Federal amaciando. A tradição iniciada com o mensalão faz prever a mesma inflexibilidade por parte dos ministros. Assim como do Procurador Geral da República, quando assumir a função de acusador. O resultado será a perda de mandato para quantos venham a ser condenados. E num tempo não muito longo, pois dependerá apenas da vontade jurídica e política dos julgadores.

Em suma, para os matemáticos, duas opções. Duas equações. Não haverá como fugir de uma delas.

 

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