Por Thais Herédia

 

Já virou rotina a semana começar com notícia desagradável para a economia. O relatório Focus produzido pelo Banco Central é o maior culpado. A pesquisa mais recente acaba de revelar que os 100 analistas ouvidos pelo BC esperam inflação em alta de 8,12% e PIB em queda de 0,83%.

A última vez que a expetativa para o IPCA ficou abaixo do teto da meta (de 6,5%) foi em 28 de novembro, quando ficou em 6,49%. Uma semana depois a previsão bateu 6,5%. Em 19 de dezembro superou o teto da meta e não desceu mais. Em 26 de dezembro, provavelmente influenciada pelo espírito natalino, a expectativa dos analistas recuou para 6,53%. Desde então, a estimativa para o IPCA de 2015 só fez subir e agora ultrapassa a marca dos 8% para o ano.

A escalada mais recente foi intensa e se explica fundamentalmente pela conta de luz. Todas as previsões para o aumento das tarifas falharam e o consumidor não teve como escapar de pagar o rombo bilionário das empresas do setor elétrico, já que o governo tirou o time de campo com os cofres públicos. Há reajustes vindo acima de 60%, dependendo da região e do consumo das usinas termelétricas.

A mesma decepção vem ocorrendo com o PIB. Foi lá em 26/12/2014 que a previsão para o crescimento da economia estacionou pela última vez e ainda no campo positivo – 0,55% de alta. Pouco menos de três meses depois chegamos a essa triste marca de queda de 0,83% esperada para 2015.

Não gostou das previsões desta segunda-feira? Então senta porque a semana promete. O dado mais importante a ser revelado é exatamente do PIB do ano passado. Será que foi positivo? Será que foi negativo? No que você acredita? Ou, o que você espera? A ansiedade vai ter que ser controlada porque o IBGE só acabará com o mistério na sexta-feira, dia 27.

Até lá, não vão faltar ingredientes para compor o cenário econômico do país. Do Banco Central teremos as contas externas com o investimento direto estrangeiro incluído, o que pode nos dar uma noção de como estão se comportando aqueles que acreditam que o Brasil se ajeitará no longo prazo. O BC também divulgará o primeiro relatório de inflação do ano. O documento, talvez o mais importante produzido por lá, traz uma interpretação do que se passa no país e propõe (indiretamente) uma visão para o que pode acontecer nos próximos meses com a inflação.

Além do PIB, o IBGE anunciará a taxa de desemprego de fevereiro deste ano, que deve apresentar alta corroborando a percepção sobre o mercado de trabalho brasileiro que começa a “desinchar”. O índice deve subir para 5,8% segundo o método mais antigo utilizado pelo instituto, com menor abrangência e que desconsidera como desempregado quem não estiver “procurando um trabalho”.

Tudo junto e misturado, o cenário político vai compor a imagem atual do Brasil do ponto de vista das instituições, da gestão da economia, da confiança da sociedade e da responsabilidade de cada um. O risco político hoje se mostra mais perigoso do que o econômico, o que pode manter o mercado financeiro no carrinho da volatilidade dos ativos: dólar, juros futuros e ações na bolsa de valores. Apertem os cintos porque vamos passar por uma área de forte turbulência. (G1)

 

 

 

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