A madrasta do Nordeste
Dilma frustrou completamente os governadores nordestinos que foram ao seu encontro em Brasília de pires nas mãos. Apesar do aceno de apoio político neste momento grave que o País enfrenta, por parte dos governadores, a presidente fez ouvidos de mercador e condicionou os pleitos ao ajuste fiscal.Na prática, Dilma cobrou primeira a fatura aos governadores. Aos gestores nordestinos pediu empenho para aprovação das medidas que estão em tramitação no Congresso. Só a partir da aprovação do ajuste, o Nordeste poderá ter vez e voz. Por enquanto, nem dinheiro para pagar a água que chega a quem está com sede nos rincões ensolarados, através de carros pipas.
É sabido que o cenário econômico é desanimador e o caixa da União parece igual a cuia de cego em feira livre, vazio e descoberto. Mas foi no Nordeste que a presidente Dilma salvou a sua reeleição, obtendo uma votação expressiva em todos os Estados, contribuindo para a derrota de Aécio Neves.No Nordeste, igualmente, já foi tratada de mãezona, principalmente pelos beneficiários dos programas sociais. Ao se apresentar insensível ao clamor dos governadores, a presidente deixa de ser na prática esta mãezona para se converter numa madrasta de coração ruim.
Dizem que as piores madrastas estão nos contos de fadas. Pode até ser, mas Dilma parece madrasta traidora e deve ter muita gente a esta altura com remorso de ter cometido o pecado de confiar a ela o comando de um País sem escândalos, sem crises, sem o domínio de verdadeiras gangues.Tem madrasta boa, é verdade, mas Dilma está longe de ser a benfeitora do Nordeste. Enteado bom como o Nordeste não pode ser tratado assim. De nada adiantaram as mais de três horas de reunião dos nove governadores com a chefona, aliás, a madrasta. Tudo foi condicionado ao fim da crise.
Na verdade, Dilma, se fosse mãe verdadeira e não madrasta do povo nordestino, deveria pelo menos ter dado um alento ao grito do Nordeste, que padece diante da maior seca dos últimos 50 anos, com obras paralisadas, hospitais agonizando e Estados insolventes.
Por Carlos Magno
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