Com participação ativa do ex-presidente Lula, que resolveu botar lenha na caldeira e elevar a temperatura da crise, o PT também começa a se descolar do governo, deixando a presidente Dilma Rousseff cada vez mais dependente do PMDB de Michel Temer, Renan Calheiros, Eduardo Cunha e Romero Cunha, uma espécie de quarteto fantástico que domina o partido e a política nacional com mão de ferro.
Nunca se viu essa situação na política brasileira, em que um governo não consegue ter apoio de seu próprio partido, conforme ficou claro com o manifesto divulgado quarta-feira por uma das principais tendências do PT, a DS (Democracia Socialista), integrada pelo secretário-geral da Presidência, ministro Miguel Rossetto, vejam que saia justa está havendo no terceiro andar do Planalto.
O fato é que a Democracia Socialista faz severas críticas à política econômica e à nomeação de Joaquim Levy no Ministério da Fazenda. Segundo o documento, “a indicação de Levy e a adoção de uma política conservadora e recessiva na economia seriam uma forma de absorver a pressão neoliberal”.
IMPOPULARIDADE
Os integrantes desta ala afirmam que o resultado do 5º Congresso Nacional do partido, realizado há duas semanas em Salvador, deve ser entendido como um “recuo que imobiliza o governo e arrasta o partido consigo”, como “ um fiador subserviente da principalidade da aliança com o PMDB”. E o documento afirma que esse recuo impede que se acumulem forças para sair “do altíssimo patamar de impopularidade”.
Segundo a Folha de S.Paulo, o manifesto da Democracia Socialista foi previamente apresentado ao secretário-geral Rossetto, apontado como um dos mais íntimos aliados de Dilma na Esplanada dos Ministério. Mas ele não quis dar entrevista a respeito, é claro.
MÚLTIPLAS TENDÊNCIAS
O PT sempre foi um partido de múltiplas alas, mais parece uma escola de samba. Mas agora mesmo entrou em processo de esvaziamento. Uma das fundadoras do partido, a socióloga Maria Victoria Benevides, costumava indagar a seus alunos na Universidade de São Paulo quem é do PT e recebia grande número de respostas entusiasmadas. Agora, ela diz que a coisa mais rara é alguém admitir que ainda simpatiza com o partido.
É claro que isso não pode dar certo. Nunca antes, na História deste país, um presidente conseguiu terminar o mandato tendo minoria no Congresso. Foi assim com Getúlio, Jânio, Jango e Collor. A presidente Dilma Rousseff já terceirizou a economia e a articulação política. Finge que é presidente, parece viver num mundo à parte, onde tudo são flores, dietas e pedaladas. O caso é grave. Ela precisa ser submetida a algum tratamento.
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