Por Pedro do Coutto

A diferença registrada neste título é fundamental, embora quanto à primeira hipótese exista apenas na teoria. A segunda perspectiva depende dos rumos políticos que a crise, na qual o país vive, possa traçar. Escrevo este artigo baseado em duas matérias publicadas nas edições de quarta-feira. A primeira de Maira Magro, no Valor; a segunda de Daniela Lima e Bela Megale, Folha de São Paulo.

Maira Magro comenta a representação do PSDB, a ser decidida pelo Tribunal Superior Eleitoral, que propõe, nada mais, nada menos que a anulação dos votos dados pelas urnas de 2014 à chapa Dilma Rousseff-Michel Temer. O desfecho, um absurdo, seria empossar Aécio Neves na presidência da República. Não acredito que o TSE possa chegar à tão surpreendente e singular decisão no plano federal. O segundo caminho, esse sim, é difícil, mas não pode ser descartado como impossível diante das circunstâncias atuais.

Mas – aí é que está – somente atingiria a presidente e não o vice. O vice assumiria a presidência, como Itamar Franco assumiu no lugar de Fernando Collor. Como José Sarney substituiu Tancredo Neves. Como João Goulart quando da renúncia de Jânio Quadros. Impeachment é um instrumento que só alcança quem ocupa a chefia do poder Executivo, no caso Dilma, e não arrasta consigo o vice Temer. Pode acontecer.

O que é impossível que suceda  é um impedimento duplo. Não é preciso sequer entrar no mérito da questão configurado na Lei de Responsabilidade. Basta focalizar o ângulo político. Para impedir a presidente da República são necessários dois terços dos votos do Congresso. No caso de Dilma, o PT, claro, votaria contra. O PMDB tenho dúvida, já que a queda da presidente significaria a ascensão da legenda ao poder através de Michel Temer.

É por isso, como Daniela Lima e Bela Megale escreveram, que as correntes do PMDB mais próximas ao vice desejam que ele se afaste da coordenação política atual do governo. Fica nítido, para quem conhece o processo partidário, que não desejam o comprometimento do presidente do partido na hipótese de fracassar em tal missão. A cada dia mais difícil pelas medidas econômicas e sociais que geram divisões internas e pela manifestação contrária da opinião pública. Em síntese; a anulação dos votos computados é algo impraticável, um delírio do PSDB. Mas o impeachment pode ocorrer. Dilma precisa, com urgência, encontrar um rumo que a liberte do redemoinho que a imobiliza no Palácio do Planalto.

FUTEBOL, UMA RETIFICAÇÃO NECESSÁRIA

No artigo publicado na edição de 8 de julho deste site, no qual sustentei que futebol se ganha no campo, citei favoritos que perderam decisões das quais participaram. Citei o Brasil em 50, a Hungria em 54, novamente o Brasil em 98, no desfecho de Paris. Acrescentei o Uruguai, em 52, para o Brasil, por 4×2, no Panamericano de Santiago do Chile.

Por um desses erros que acontecem, em vez de sair em 52, saiu 62. Em 62, conquistamos a Copa, não o Panamericano, também em Santiago do Chile. Outra correção: o técnico, em 52, foi Zezé Moreira. Seu irmão, Aimoré Moreira, foi o treinador na conquista de 62. Matéria de memória, belo título de um livro de Carlos Heitor Cony. Acrescento as duas correções à memória esportiva do país.

 

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