Por Vicente Nunes / Correio Braziliense

Nesse quadro desesperador da economia, a fatura recairá, sobretudo, sobre os menos favorecidos. Indicadores colhidos pelo próprio governo mostram que a desigualdade social voltou a aumentar com força desde o início deste ano, por causa da perversa combinação de inflação alta com desemprego. A tal nova classe média, composta por quase 50 milhões de pessoas que se aproveitaram do expressivo crescimento da economia entre 2004 e 2010, está começando a ruir. É aí que mora o maior problema para Dilma.

Vendo o poder de compra cair e parte das conquistas se perderem, essa nova classe média, que é bastante pragmática, ampliará as cobranças sobre a presidente, que, pelo contexto atual, terá quase nada a entregar. Os programas sociais mantidos pelo governo não explicam o grosso da ascensão social dos últimos anos. Esse movimento foi sustentado pela inflação muito próxima do centro da meta, de 4,5%, e o crescimento médio de 4% ao ano do Produto Interno Bruto (PIB).

Desde 2011, contudo, o nível da atividade só faz afundar, a inflação disparou, mirando os 10%, e o setor público está longe de garantir bons serviços à população. Quando se olha para a frente, não há perspectiva de retomada do crescimento tão cedo. Na melhor das hipóteses, o PIB só voltará a se expandir próximo de 2% em 2018, o último ano do mandato garantido pelas urnas a Dilma.

REBAIXAMENTO

Diante de tais perspectivas, não foi por acaso que, ao ser questionado recentemente por um grupo de economistas se as medidas tomadas pelo governo até agora nas áreas fiscal e monetária darão certo, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Tarcísio Godoy, respondeu: “Tudo o que estamos fazendo é para evitar o rebaixamento do Brasil pelas agências de risco e para conter a inflação. Se vai dar certo, eu não sei. Mas vamos focar no que conseguimos ter controle”.

 

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