Com atraso de pelo menos três anos, o governo falou, nesta segunda-feira, com realismo dos números do Orçamento e admitiu que uma “questão fiscal”, não uma crise externa, atingiu o país. A mudança no tom e no discurso ocorrem num momento em que não há outras alternativas no cardápio para reavivar a economia, e empreender cortes mais profundos nos gastos se mostra uma tarefa praticamente impossível, diante de uma base aliada completamente desarticulada. “Não é uma questão externa, e sim uma questão fiscal que atinge o Brasil hoje”, disse o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa.Ao anunciar uma previsão de déficit de 30,5 bilhões de reais para o ano que vem, o governo também reconheceu que 2016 deverá ser um ano difícil. “Uma retomada mais acelerada da economia deve ocorrer em 2017, não mais em 2016″, afirmou Nelson Barbosa, ministro do Planejamento. Para 2016, o governo prevê crescimento de 0,2% (ainda que o mercado vislumbre recessão), e de 1,7% para 2017.

Também demorará dois anos, segundo o governo, para que o país consiga fazer um superávit primário. Depois de um déficit de 0,34% do PIB para o setor público no ano que vem, um resultado positivo só é esperado para 2017, com uma meta de 1,3%. Também neste mesmo ano, a dívida bruta deve alcançar 68,8% do PIB, e só deve começar a se estabilizar em 2018 — cenário já esperado segundo a última versão do relatório de programação orçamentária.

Calado durante a maior parte da coletiva, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, viajou de São Paulo a Brasília para entregar, junto com Nelson Barbosa, o texto da proposta orçamentária a Renan Calheiros, presidente do Senado. Segundo Levy, é preciso “construir uma ponte” que permita a “travessia” do atual modelo econômico para um mais eficiente e que permita maiores conquistas para a sociedade. “Num momento em que o Brasil enfrenta uma mudança significativa no ambiente econômico, é preciso que o governo tenha uma visão de mercado, empreenda reformas e construa essa ponte para trazer estabilidade”. (Veja)

 

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