Por Renato Andrade – Folha de S.Paulo
É difícil encontrar na memória recente um ano tão conturbado no Brasil quanto este longo 2015 que vai chegando ao fim. Vivemos um ano de extremos. Discussões acaloradas sobre política e economia suplantaram os “selfies” e as imagens de bichinhos que sempre reinaram nas redes sociais por aqui.
Muita gente foi “deletada” da lista de antigos amigos simplesmente porque defendeu que a opção A era melhor do que a alternativa B ou vice-versa. Sobrou muita radicalização, faltou um pouco de bom senso.
Começamos janeiro com três selos de bom pagador na gaveta, expectativa de crescimento econômico, inflação um pouco salgada e um novo ministro da Fazenda chamado para colocar as contas federais em ordem.
De lá para cá, perdemos dois dos três selos –e já temos a perda do último contratada. O crescimento virou um tombo há muito não visto, com perspectivas sombrias para o ano que chega. A inflação bateu em dois dígitos. O chefe da equipe econômica foi defenestrado, as contas públicas vão fechar mais uma vez no vermelho e o novo comandante precisa provar, diariamente, que vai esquecer o que sempre defendeu.
Na política, o roteiro é o mesmo. Presidente reeleita sobe a rampa do Palácio do Planalto em janeiro. Passa o ano inteiro numa guerra com o chefe da Câmara dos Deputados, que, entre explicações mal dadas sobre vultosos milhões no exterior e um pedido para ser afastado do cargo, deu de presente para Dilma Rousseff o pontapé inicial da análise do processo de impeachment da petista.
O Congresso garantiu cenas patéticas de troca de tapas entre integrantes do conselho responsável pelo decoro parlamentar e outras agressões físicas no plenário da Câmara. Até o econômico Michel Temer resolveu trocar insultos com seu colega Renan Calheiros em plena luz do dia. Não há nada no horizonte que indique um 2016 diferente. O equilíbrio perderá a batalha outra vez.
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