O ex-presidente Lula fará uma ultima tentativa a partir de janeiro: convencer a presidente Dilma a mudar os rumos do governo e anunciar medidas econômicas de retomada do crescimento e de ampliação de conquistas sociais, capazes de desfazer o clima de pessimismo verificado em 2015. Caso Madame não se sensibilize pela iniciativa, que envolverá nova reforma do ministério, o primeiro-companheiro se afastará da sucessora e passará a transitar em faixa própria, preparando sua candidatura para 2018. Afastamento não é rompimento, tornando-se necessário definir com exatidão os espaços do PT e das centrais sindicais nessa derradeira estratégia para afastar do palácio do Planalto a sombra do desgaste e da derrota anunciada.
Uma exigência do Lula é de que Dilma reorganize as forças parlamentares de apoio ao seu governo, obtendo uma definição do PMDB. Os sete ministérios dados ao partido não produziram os resultados imaginados, dada a pequena margem de vitória revelada nas votações na Câmara. Mesmo se for para diminuir o número da bancada oficial, o importante será contar com a lealdade dos aliados.
Se 2016 tornar-se mesmo o “ano da virada”, grandes esforços precisarão ser desenvolvidos em torno das eleições municipais. O objetivo, para o Lula, será eleger o maior número possível de prefeitos das capitais estaduais e grandes cidades. A proposta será da renovação, com a escolha de candidatos jovens e não comprometidos com a banda podre do PT. Nesse particular, o ex-presidente atuará de modo pessoal na definição dos novos companheiros. Sustenta maior participação das lideranças sindicais no processo de seleção.
RACHA NO PMDB
O PT assiste com preocupação o racha verificado no PMDB, identificando Michel Temer como inconfiável. São tímidas as possibilidades de o atual vice-presidente ameaçar a prevalência do Lula como candidato,mas, no reverso da medalha, tênues também as chances de permanência da aliança entre os dois partidos.
Em suma, tanto o Lula quanto Temer jogam todas as fichas na sucessão de 2018, ainda que por baixo do pano apostem na hipótese hoje remota do impeachment de Dilma. Seria bom para o PMDB, que assumiria de imediato a presidência da República, mas melhor para o Lula, que veria afastado pelo menos um obstáculo às suas pretensões.
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