Por Vicente Nunes / Correio Braziliense

Definitivamente, 2016 não será um ano fácil. Por mais que o governo propagandeie o discurso de que, passado o sufoco que estamos vivendo, tempos de bonança estão por vir, a realidade que nos aguarda será cruel. Os estragos promovidos pela presidente Dilma Rousseff na economia foram tão profundos que mesmo no fim do segundo mandato dela, em 2018, o país ainda estará recolhendo os cacos. Talvez, estejamos com a cabeça fora do atoleiro.

O próximo ano começará com desemprego em massa. Muitas empresas que ainda conseguiram segurar parte dos funcionários, acreditando que a economia poderia retomar o fôlego, só estão esperando o Natal passar para dar início às demissões. Os poucos trabalhadores que conseguiram uma vaga temporária neste fim de 2015 não serão efetivados. Não há como manter essas pessoas com as margens de lucro cada vez menores.

O Ministério da Fazenda têm números alarmantes sobre a quantidade de empresas que estão quebrando. Os dados foram repassados pelos bancos públicos, que têm visão privilegiada da economia real. Muitas das companhias em dificuldades ou são ou foram clientes dessas instituições O quadro é tão dramático, diz um executivo de um dos bancos controlados pelo Tesouro Nacional, que, mesmo que o governo venha a dar incentivos à economia, não haverá recuperação tão cedo.

 

QUEDA DE RENDA

O desemprego virá acompanhado de renda em queda e juros em alta. A inflação, que o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, promete que cairá, continuará firme no primeiro trimestre de 2016. As projeções apontam que, nesse período, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulará elevação de 3%, devido, sobretudo, aos produtos in natura, afetados pelas chuvas. Assim, o custo de vida continuará rodando, em 12 meses, muito perto de 10%. Para tentar conter a disseminação da carestia — oito em cada 10 produtos e serviços pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vêm sendo reajustados —, o Banco Central já avisou que aumentará a taxa básica de juros (Selic) a partir de janeiro. As apostas são de aumento de 0,5 ponto percentual, dos atuais 14,25% para 14,75% ao ano. O grosso dos analistas acredita que a Selic pode ir a 15,25% até abril.

Isso significa dizer que os bancos não vão perdoar. Toda a alta da taxa básica e mais um pouco serão repassados ao distinto público. As instituições financeiras não perdoam a clientela. Somente neste ano, os juros médios cobrados dos consumidores subiram de 49,5% para 64,8%, ou seja, 15,3 pontos percentuais, o equivalente a seis vezes a alta da Selic no mesmo período, de 2,5 pontos, de 11,75% para 14,25%

 

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