O quadro de deterioração do mercado de trabalho se aprofundou. Segundo informou o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho e Emprego, em dezembro de 2015 foram fechados mais de meio milhão de postos de trabalho formal: 596.208 vagas fechadas, para ser exato.
E o pior é que essa tendência é ditada pelo agravamento da recessão, induzida pelo devastador relaxamento da política fiscal, com endividamento do governo, e pelo represamento dos preços administrados, como dos combustíveis e da tarifa da energia elétrica, na política enlouquecida de Dilma Rousseff e Guido Mantega, para camuflar a inflação real e para falsear a realidade econômica e financeira do país, de modo a iludir a opinião pública e garantir a reeleição presidencial. Deu certo, Dilma foi reeleita em 2014. A população passou a ver a dura realidade, entretanto, no ano seguinte, no ano que se passou.
Fechada a estatística do Caged, com os dados de dezembro, o ano de 2015 terminou com o fechamento de 1.542.371 postos de trabalho. Lembro que no Caged são computados apenas os trabalhos com registro em carteira. O Ministério do Trabalho não registra os empregos informais.
A INDÚSTRIA SOFRE…
O setor econômico mais prejudicado foi o setor secundário, isto é, o da indústria, para o qual ocorreu o fechamento de 1.048.150 vagas. O duro é que o setor industrial abriga, de longe, os melhores e mais bem remunerados empregos, além de ser o que mais agrega valor proporcional ao Produto Interno Bruto brasileiro. Compõe-se da indústria extrativa mineral, indústria de transformação (metalúrgica, mecânica, materiais elétricos, materiais de transporte, papel, papelão, borracha, têxtil, vestuário, bebidas, alimentos e calçados), serviços industriais de utilidade pública e a indústria da construção civil.
Destaques negativos para a indústria de transformação (fechamento de 608.878 vagas) e para a construção civil (fechamento de 416.959 vagas).
Cabe assinalar, ainda, que a construção civil é responsável pela absorção do maior contingente de trabalhadores com a menor formação e especialização do mercado de trabalho; portanto, ela é importantíssima para a absorção dessa mão-de-obra de baixa capacidade que forma a maioria da massa de trabalhadores brasileira. É ela, também, que responde pela maior fatia de investimento (ou formação bruta de capital fixo) na economia: 51%. O encolhimento do setor de construção civil realimenta a recessão, na medida em que – retraindo a indústria da construção civil, retrai-se o nível de investimento – que é uma das variáveis do crescimento do PIB.
DISCURSO DE REATIVAÇÃO
Não é à toa que o governo – mesmo que imerso no monstruoso endividamento público – ainda tente manter o discurso de reativação do setor via recursos subsidiados pelos bancos públicos – Caixa Econômica Federal, BNDES e Banco do Brasil. Não vai ser fácil, porém, uma vez que o próprio governo não está conseguindo gerar sobra de caixa – superávit primário – para continuar alimentando os bancos oficiais com recursos do Tesouro.
O comércio, que até julho/2015 vinha ajudando a equilibrar o mercado de trabalho, na medida em que apresentava números, ainda positivos, de agosto em diante também passou a apresentar saldos negativos, com o fechamento de vagas no seu mercado de trabalho específico. Aliás, todo o setor de serviços no qual o comércio se inclui. O setor de serviços corresponde a 68% da economia brasileira e foi o último setor a reverberar a recessão – fechou 494.221 postos de trabalho. A tendência é a crise neste mercado de trabalho se acentuar, na medida em que cresce o reflexo da recessão neste que é o maior dos setores de nossa economia.
O setor agrícola foi o único setor econômico que fechou 2015 com números positivos: 9.821 novos postos de trabalho.
RECESSÃO DE 3%
As projeções dos especialistas de mercado são para que a recessão em 2016 atinja 3% e que o recrudescimento do desemprego, que segue a lógica recessiva, supere já nos primeiros três meses deste ano, os 10% da população economicamente ativa (PEA) – o equivalente a mais de dez milhões de pessoas desempregadas.
A PNAD contínua do IBGE – pesquisa nacional de amostras em domicílio, contínua – mostrou que foi para 9% o índice de desemprego acumulado até novembro/2015 – o equivalente a nove milhões e setenta e sete mil pessoas desempregadas. Tudo indica que as projeções irão se confirmar, talvez, já a partir de janeiro.
Enquanto isso, o governo…
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