Por Ruy Castro

Os políticos de esquerda costumam lutar por reformas –agrária, política, bancária, fiscal, urbana, universitária, administrativa– e pagar caro por isso. O status quo, por definição, não gosta de reformas, e combate os políticos que tentam promovê-las. O ex-presidente Lula também é partidário de reformas. Mas, cioso de seus amigos das elites, limita-se a reformas mais modestas. Uma delas, a do tríplex que ele diz não ter comprado no edifício Solaris, na praia das Astúrias, Guarujá (SP). Por que alguém faria reformas num apartamento que não lhe pertence é um mistério. E por que sua mulher, dona Marisa, vivia visitando o apê se nunca iriam morar lá só ela e Lula –por enquanto– sabem. Pode haver coisa pior do que uma reforma?

Começa-se trocando uma escada comum por outra em caracol e, de repente, já se quer instalar um elevador privativo, só para os bacanas. Um rodapé de madeira torna-se de porcelana e, num instante, o porcelanato toma também as paredes das salas de estar, jantar e TV. Dona Marisa fez tudo isso no tríplex que não é de Lula. Por sorte, os R$ 777 mil que a obra custou lhe saíram de graça, cortesia de uma gentil construtora.

Outra reforma pela qual Lula lutou foi a de um sítio de 173 mil metros quadrados em Atibaia, que também não lhe pertence, mas a sócios de seu filho. A obra envolveu construir ou ampliar um pavilhão, churrasqueira, piscina, campo de futebol e converter um lago em tanque de peixes –quase uma reforma agrária. E, que bom, ela também lhe foi oferecida pela construtora. Igualmente campeão das reformas é o ex-ministro José Dirceu –no caso, a de seu próprio sítio em Vinhedo (SP), no valor de R$ 1, 8 milhão, pagos por um lobista. Dirceu nem precisou lançar mão da vaquinha que, um dia, seus correligionários fizeram para socorrê-lo, lembra-se?

 

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