O Globo
A reeleição do deputado Leonardo Picciani como líder do PMDB, numa diferença de apenas sete votos contra Hugo Motta (PB) – foram 37 contra 30 -, faz com que o jogo vire dentro do governo. O presidente da Câmara Eduardo Cunha, que incentivou até o último momento a eleição de Motta, não resistiu a aposta do governo que fez com que até o ministro da Saúde, Marcelo Castro (PI), em plena epidemia do vírus zica, se licenciar do cargo para ajudar na votação. O resultado significa uma grande derrota para Cunha, que é líder dentro do partido desde 2013. Investigado na Operação Lava-Jato e temendo ser afastado do cargo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Cunha bancou a candidatura de Motta e fez apelos desesperados aos deputados para que elegessem o seu candidato, chegando a ligar durante a madrugada para parlamentares, afirmando que votar em seu candidato era como votar nele próprio.
Ambos os grupos tentavam trazer votos dos indecisos até minutos antes do início da votação, temendo traições por conta do voto secreto. Votaram 69 deputados e dois faltaram: Jarbas Vasconcelos e Marinha Raupp. Segundo deputados do PMDB, que conversavam antes da reunião, o resultado da eleição pode influenciar o tamanho da bancada, que deverá, segundo eles, perder alguns quadros, agora que a janela partidária foi aprovada. Após ser reeleito, Picciani adotou um discurso de unidade, dizendo que não há “derrotados nem vencedores”. Ele disse ainda que, logo após o resultado, conversou com Hugo Motta e combinou com ele de procurar um caminho de consenso. Os dois são amigos pessoais: “Aqui não tem derrotados nem vencedores. A vitória é de toda a bancada do PMDB, que vai caminhar junta”.
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