Por Ilimar Franco/ O Globo
O principal aliado do governo Dilma, o PMDB, recebeu com reservas a forma (condução coercitiva) pela qual o ex-presidente Michel Temer. Lula foi ouvido pela Polícia Federal. Integrantes da direção do partido avaliam que o episódio pode conflagrar e acirrar os ânimos no país. Lula anunciou ontem que fará uma caravana pelo país para se defender.
— Não era preciso humilhar o Lula. Ele poderia ser ouvido no seu apartamento. Porque levá-lo às dependências da Polícia Federal — afirmou um conselheiro do vice Michel Temer.
No entorno de Temer há uma análise de que a recente operação atinge Lula e seus assessores mais próximos, mas não o governo Dilma. Por isso, ficou acertado que ele suspenderia a campanha para se reeleger à presidência do PMDB. Avaliaram que seria inexplicável manter a campanha enquanto o país pega fogo. E, que o vice teria que se manifestar à imprensa e que qualquer coisa que dissesse seria, fatalmente, mal interpretada. Por isso, cauteloso, o PMDB se recolheu.
Além disso, o partido acredita que terá um papel relevante em qualquer cenário. Hoje, no apoio ao governo Dilma (do qual participa) e também no caso de um impeachment, quando assumiria o governo. Depois, um futuro presidente (2018) dificilmente poderia abrir mão do apoio e da participação do PMDB. Diante da pulverização partidária no Congresso, sua bancada (ou parte dela) sempre será necessária. Sobretudo, onde ela tem mais poder, o Senado.
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