Por: Marcela Mattos  / VEJA

Acostumados a dar expediente apenas de terça a quinta-feira, os deputados têm pela frente uma nova jornada de trabalhos até concluir o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A começar já nesta sexta-feira: a comissão do impeachment deve ter início à tarde e terminar apenas no sábado, avançando madrugada adentro.

Parlamentares governistas tentam conter o ritmo frenético e acusam o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de manipular o julgamento, muito embora não haja restrições contra sessões durante as madrugadas ou aos finais de semana.

Caso o cronograma seja cumprido, a comissão do impeachment encerra a lista de mais de 100 inscritos para se manifestar até sábado, o que abre caminho para o início da votação do parecer do relator Jovair Arantes (PTB-GO) em plenário na segunda-feira. Considerando as manobras de aliados da presidente, que incluem um pedido de vista por dois dias, a expectativa é de que o processo chegue ao plenário da Câmara na sexta-feira, dia 15. Nos bastidores, Cunha trabalha para finalizar a votação no domingo, dia 17, quando está prevista uma grande manifestação em frente ao Congresso Nacional.

“Desde quando o impeachment é usual?” – “Acredito que seja de três dias (a sessão de votação) e pode ser mais. Depende da quantidade de pessoas que exercerem seu direito de falar. O regimento prevê que na sessão de votação falem os acusadores, que são os autores do pedido, e depois a defesa, se assim o desejar. A partir daí, tem duas modalidades de discussão: cada partido fala por uma hora, e eu vou chamar todos os 25 partidos, e haverá inscrição de debate individual de parlamentar, que pode ser cumprido na sua integralidade ou pode ter requerimento de encerramento de discussão”, explicou Cunha nesta quinta-feira. Ele ponderou que não há possibilidade de apresentação de recursos para adiar a sessão.

O presidente da Câmara disse, repetidas vezes, não estar escolhendo o dia da votação, mas apenas dando sequência aos prazos. Questionado se não seria um ritmo de trabalho pouco usual na Casa, Cunha rebateu com ironia: “Desde quando o impeachment é usual?”. O peemedebista também confirmou que vai votar durante a análise do impeachment da presidente Dilma e lembrou que, no caso do ex-presidente Fernando Collor, o então comandante da Câmara, Ibsen Pinheiro, também se posicionou. “Não tem nada de novo aí”, disse.

 

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