Deu na Folha
Se a votação na Câmara fosse hoje, o impeachment da presidente Dilma teria a aprovação de 72% dos deputados, indica análise estatística do professor de economia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Regis Ely, em trabalho realizado com os professores Cláudio Shikida (UFPel) e Bruno Speck (USP). Para que o processo seja aprovado, são necessários votos de 342 parlamentares, ou 67% do total.
“A não ser que ocorra fato político muito relevante, há probabilidade de cerca de 75% de o impeachment passar na etapa de admissibilidade na Câmara”, afirma Ely, que atua nas áreas de previsão, análise de dados, séries temporais e finanças.
O algoritmo construído por Ely parte do princípio de que a decisão dos deputados sofre influência do partido e do Estado pelo qual foram eleitos. Com base nisso, ele infere qual será a posição dos que ainda não declararam seu voto.
INDECISOS
A análise, feita a partir de dados levantados pelo Datafolha de 21 de março a 7 de abril, tem acurácia de 91%.O número de deputados que se declaram indecisos mostra, porém, que há negociação em curso, o que eleva a volatilidade das decisões.
Ely ressalta dois fatores que podem afetar a previsibilidade da votação – prevista para ocorrer no dia 17. A ordem de votação, que ainda não foi definida pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, pode provocar um “efeito manada”. Além disso, se em algum momento a votação estiver decidida, os deputados podem mudar de opinião ou se abster.
“Esses fatores podem gerar distorções significativas no percentual de favoráveis que o algoritmo prevê, mas não creio que influenciem o resultado final da votação.”
AUSÊNCIAS
Também tem impacto na previsibilidade o índice de ausência na votação, já que cada falta implica um voto a menos a favor do processo. Para estimar esse efeito, Ely fez simulações com diferentes índices de ausência. De acordo com os cálculos, se as faltas não superarem 5%, a tendência é que o processo seja autorizado (sempre com base nos dados apurados até o dia 7). “Entretanto, quando a ausência é maior que 6%, o resultado final da votação parece se inverter”, afirma Ely.
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