Quando pisei, ontem, no Salão Verde da Câmara e em seguida fui até ao Senado, colocando o ouvido na rádio corredor do Salão Azul, no dia seguinte ao meu envolvimento emocional com a grande festa dos dez anos do blog, no Recife, percebi de imediato que o cenário havia mudado para o Governo. E para pior.
Tudo pelo impacto da decisão do PP de romper com o Governo. Noiva cobiçada na contagem voto a voto entre Governo e oposição, o PP tem 49 votos na Câmara. A bancada rompeu por aclamação. Dizem que o Governo, para evitar o impedimento de Dilma, contava com 30 votos no PP. Não terá mais sequer 10.
Outra notícia foi ruim para provocar desânimo na tropa governista: o PRB, com 21 deputados na Câmara, fechou questão a favor do impeachment, enquanto o PSD, do ministro Kassab, com 30 deputados na Casa, arrastará quase toda a sua bancada pelo impeachment. O jogo mais duro, com ameaças de expulsão, está no PR. Valdemar Costa Neto, seu presidente, não abre mão da posição fechada contra o impeachment.
Mas o líder do PR na Câmara, Maurício Quintela Lessa (AL), rompeu com o partido e passou a apoiar o impeachment. Alinhada ao Palácio do Planalto, a executiva nacional defende a continuidade da petista. Mas, segundo Quintella, a maioria da bancada na Casa quer a saída da presidente. “Meu trabalho era fazer essa interlocução. Mas eu era líder da bancada e não da executiva”, disse o deputado, que tentou convencer a cúpula da sigla a mudar.
Quintella calcula que, de um total de um total de 40 membros, 25 a 30 deputados do PR vão votar contra Dilma. “Eu queria os 40 no meu partido pró-impeachment”, contou o ex-líder. Seguro de que “houve crime de responsabilidade”, o deputado afirmou ainda que o impeachment tem que ser analisado do lado político também.
Por tudo isso, o líder da oposição na Câmara, Mendonça Filho (DEM), dizia, ontem, com toda segurança, que as oposições já haviam garantido mais de 350 votos para garantir o impeachment quando o mínimo necessário é de 342. “Nós já tínhamos o número exigido e com a decisão do PP o placar ficará bem mais folgado”, disse o democrata.
Enquanto Mendonça exibia confiança e otimismo, o vice-líder do Governo na Câmara, o também pernambucano Sílvio Costa (PTdoB), exibia uma fisionomia diferente, de cara derrotada, mas não se rendia. Com um papel à mão, trazendo a relação dos deputados por bancada, Silvio garantia: “O impeachment não passa”.
Mas na contabilidade que o governo e cientistas políticos que ajudam Dilma faziam ontem, ela contaria agora com no máximo 148 votos (8 do PSD, 3 do PSB, 17 do PR, 9 do PP, 5 do PTB, um do PFL, um do PEN, um do PT do B, dois da Rede, um do Pros, 6 do PTN, 2 do PHS, 10 do PC do B, 61 do PT, 6 do Psol e 15 do PDT). Faltariam 23 para barrar o impedimento.
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