Neste domingo, Michel Temer completa um mês de um governo atribulado, tumultuado e complicado. O resultado é positivo, em função das circunstâncias. Antes de mais nada, deve-se levar em conta que se trata de um governo ainda provisório, que depende de ratificação do impeachment da presidente Dilma Roussef, em processo exasperante que vai durar alguns meses, na forma da lei. Isso significa que Temer é uma espécie de refém do Congresso Nacional, que detém o poder de aceitar ou não o ajuste fiscal e as reformas de base, além da prerrogativa do Senado na questão do impeachment. É a partir dessas premissas que este primeiro mês do governo Temer tem de ser avaliado.
Não há dúvida de que o presidente errou muito na montagem do Ministério. Esperava-se que agisse como João Saldanha na seleção brasileira de 1970, logo ao assumir foi anunciando o time titular, que ficou conhecido como “As feras do Saldanha”, e se tornou a melhor seleção da história do futebol mundial, pois Zagalo manteve praticamente a equipe inteira.
Como a política é muito diferente do futebol, Temer não pôde ter essa audácia de Saldanha e montou uma equipe cujo principal objetivo não é ganhar o campeonato, mas apenas confirmar o impeachment no segundo tempo.
GOVERNO COMPARTILHADO – O fato mais positivo é que, pela primeira vez na República, o Brasil passou a ter um governo compartilhado nestes moldes, com Temer conduzindo a política e a administração, enquanto o ministro Henrique Meirelles atua como uma espécie de premier econômico-financeiro, com toda autonomia.
Se o governo de Temer está claudicante, sem que ele possa mexer no time antes da confirmação do impeachment, a gestão de Meirelles caminha bem, até porque seria quase impossível conduzir a equipe econômica pior do que Guido Mantega, Joaquim Levy e Nelson Barbosa, uns verdadeiros trapalhões, que ajudaram a presidente Dilma Rousseff a levar o país a esse colapso.
O dólar deu uma travada, as exportações crescem, as importações diminuem, a indústria parece ter passado a respirar sem aparelhos. A inflação tende a diminuir, porque as vendas estão em queda, devido à redução do poder aquisitivo e ao desemprego, e os petistas não conseguiram derrubar a Lei da Oferta e da Procura.
SEM ALTERNATIVA – É preciso entender que Temer é muito melhor do que Dilma e não há alternativa nem terceira via. Este negócio de plebiscito e novas eleições é uma tremenda enganação. Além de inconstitucional, não tem a mínima chance.
Dilma foi a catástrofe, um governo insano, movido na base da maquiagem das contas públicas, sob o apelido de “contabilidade criativa”. Na condição de falsa “doutoranda” em Economia, Dilma tentou inventar novas teorias econômicas. Chegou a dizer que a recessão não era problema, porque poderia ser superada com aumento da arrecadação, e mesmo assim não foi internada, continuou presidindo a República.
CAINDO NA REAL – Com Meirelles à frente da economia, o país enfim pôde se livrar dos delírios da “doutoranda” Dilma Rousseff e cair na real. O clima já é outro, não há qualquer dúvida.
O próximo passo é o BNDES retomar os financiamento de projetos no Brasil, ao invés de apoiar a abertura de empregos e a criação de riquezas no exterior, como era a política absurda e criminosa de Luciano Coutinho à frente do banco que deveria ser de fomento.
Em sua meteórica gestão no BNDES, que durou apenas dois anos, o economista Carlos Lessa mostrou como pode ser incentivado o desenvolvimento econômico interno. Aliás, não há muito mistério nisso, basta apoiar projetos que realmente tenham interesse nacional, seja substituindo exportações, abrindo empregos ou desenvolvendo novas tecnologias.
É esse tipo de iniciativa que se espera do governo Temer, que ainda não pode ser considerado definitivo nem submetido a avaliações apressadas. Vamos ter um pouco de paciência.
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