Por Carlos Chagas
Nos subterrâneos do PT, onde são debatidos planos de sobrevivência para a manutenção do poder, ganha corpo a sugestão já lançada pela presidente afastada Dilma Rousseff. A cada denúncia saída das investigações da Operação Lava Jato envolvendo ex-ministros e figuras de destaque no partido, os companheiros concluem pela impossibilidade da volta de Madame pela falta de senadores em número suficiente, no prazo fatal de 180 dias. Assim, levaram Dilma a soltar o balão de ensaio da realização imediata de novas eleições presidenciais, com ela e Temer proibidos de concorrer. Qual o objetivo? Apesar de se encontrar em má situação, prestes a cair no alçapão chamado Sérgio Moro, o candidato do PT continua sendo o Lula. Acima e além de outras alternativas, aliás, inexistentes, ele ainda dispõe de condições para sensibilizar boa parte dos contingentes que um dia o saudaram como o melhor presidente que o país já teve. Mesmo desgastado e arcabuzado pelos adversários, sem poder explicar suas incursões em torno da caverna do Ali Babá, se impulsionado por uma campanha milionária, o ex-presidente se posicionará como solução viável.
É bom não esquecer que seu nome aparece blindado diante das acusações de haver enriquecido entre apartamento tríplex, sítio luxuoso, contas bancárias mirabolantes e negócios realizados por empreiteiras, governos estrangeiros e obras financiadas por estatais comprometidas com a corrupção.
FRÁGEIS OPÇÕES – Uma vez lançada sua candidatura, admitida cada dia com mais intensidade, até por ele mesmo, a ninguém será dado iludir-se: poderá vencer. Ainda mais diante do leque de frágeis e desgastadas opções. Para impedir esse pesadelo, só se Michel Temer barrar a hipótese de novas e imediatas eleições, coisa, aliás, de que seu governo vem tratando com carinho.
Aprovada emenda constitucional no sentido de novas e imediatas eleições, é bom que se preparem os adversários do Lula. Nos idos de 1950 verificou-se situação paralela: Getúlio Vargas preparou seu retorno em milimétrica operação que o reconduziu ao poder. A crise deu no que deu, revelando um país em frangalhos, mas o resultado eleitoral não deixou dúvidas. Há mais semelhanças, hoje, apesar das contradições: as elites próximas da derrota, as massas agitadas.
Poste seu comentário