Por Pedro do Coutto
Pesquisa do Datafolha – reportagem de Fernando Canzian, Folha de São Paulo de domingo – revela que 50% da população brasileira são favoráveis à permanência do presidente Michel Temer, enquanto 32% desejam o retorno de Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto. Era o dado que faltava para consolidar o atual governo do país até as eleições diretas de 2018: o respaldo da opinião pública. Com isso, a hipótese da volta de Dilma Rousseff ao poder, que já era remota, tornou-se ainda mais distante. Um sonho de uma noite de verão, como disse o poeta.
A posição de Michel Temer melhorou em função de um certo entusiasmo com o retorno ao desenvolvimento econômico, com base gerada pela atuação do ministro Henrique Meirelles, na realidade o atual primeiro-ministro do país, apesar de a população não demonstrar acreditar na queda da inflação e nem na redução do desemprego.
O desemprego, como era natural de prever, continua sendo a maior preocupação dos brasileiros. Portanto se não há esperança no recuo inflacionário, tampouco na queda do desemprego, o que pode explicar a posição favorável de Michel Temer em relação a Dilma Rousseff?
REAÇÃO FAVORÁVEL – A meu ver, há uma sensação de que pelo menos o panorama nacional vai reagir favoravelmente, deixando para trás a onda de corrupção que levou à operação Lava Jato e causou o desabamento político tanto de Lula quanto de sua sucessora.
Tanto assim que o índice de popularidade do presidente Temer subiu 4 pontos de maio a julho. 42% passaram a achá-lo regular e 31% entre ruim e péssimo. Ocorre, levando-se o cotejo para o quadro comparativo, que no final de abril 63% consideravam o governo Dilma Rousseff entre ruim e péssimo.
Portanto, dentro de uma relatividade inevitável, verifica-se que no plano crítico do ruim e péssimo a taxa atribuída a Michel Temer (31) equivale praticamente à metade do percentual de 63% no qual sua antecessora submergia no mar da opinião pública.
HIPÓTESE REMOTA – A comparação, como está no título, consolida o quadro político atual e contribui também para afastar a hipótese, remota, mas sempre hipótese, de o Tribunal Superior Eleitoral decidir pela anulação das eleições de 2014 e convocar novo pleito direto para ainda este ano. Objetivamente não haveria tempo nem atmosfera propícia à tal decisão, levando-se em conta as eleições municipais marcadas para outubro nos 5.600 municípios do país.
Por falar em eleições diretas, a reportagem de Fernando Canzian focaliza também as posições dos prováveis nomes capazes, hoje, de disputar a sucessão presidencial de 2018. Foram produzidos vários cenários, intercalando tanto o primeiro quanto o segundo turno. Lula aparece na frente com 22 pontos seguido de Marina Silva com 17, Aécio 14 e Jair Bolsonaro com 7%. Substituindo-se Aécio por José Serra o quadro somente se altera em relação ao PSDB: enquanto Aécio alcança 14 Serra fica em 11.
Não foi colocada a alternativa com Geraldo Alckmin, no primeiro turno. O governador de São Paulo no entanto foi incluído numa hipótese de 2º turno, ele contra Lula. Em tal hipótese ele teria 38% contra 36% de Lula, exatamente os mesmos números se a disputa final fosse entre Aécio e Lula da Silva.
Lula entretanto perderia disparado para Marina Silva que teria 44 pontos contra 32. Aliás, Marina Silva, destaca o Datafolha, alcançaria 46 contra 28 de Aécio, 47 contra 27 de Alckmin e 46 contra 30 de Serra.
LULA NÃO GANHA – Lula como se constata, se puder ser candidato, perderia para Serra por 40 a 35 pontos. É claro que tudo dependeria da campanha no rumo das urnas, mas o fato predominante o Datafolha apontou é a altíssima rejeição do antecessor de Dilma Rousseff, na escala de 45%. A menor rejeição é a que se refere a Marina Silva: apenas 17%. Observa-se pela pesquisa que as posições de Aécio Neves, José Serra e Geraldo Alckmin aproximam-se entre si, o que significa a manifestação de uma posição ideológica semelhante para os três.
Temos assim, de acordo com o Datafolha, desenhado o panorama político nacional, que, no fundo apresenta poucas alternativas em relação a 2018. Fica no ar quem poderá suceder Michel Temer no final de seu mandato, a ser definido pela mais que provável manutenção do afastamento definitivo de Dilma Rousseff do poder.
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