Furna Feia: laboratório natural para pesquisas científicas.

 

Aos poucos, o Parque Nacional da Furna Feia começa a ser utilizado para a realização de pesquisas científicas. Localizado entre os municípios de Baraúna e Mossoró e apenas a 40 minutos do campus central da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, em Mossoró, a Unidade de Conservação Ambiental poderá ser transformada, em curto prazo, num laboratório natural para pesquisas científicas nas mais diversas áreas do conhecimento. Alguns pesquisadores da Ufersa, principalmente dos cursos de Ecologia e Engenharia Florestal e do Mestrado em Ecologia e Conservação, além do Mestrado em Ambiente, Tecnologia e Sociedade, já desenvolvem trabalhos científicos em Furna Feia.

São pesquisas voltadas para a avaliação dos recursos ecossistêmicos, estudos ambientais na abertura de trilhas ecológicas e, também, de conflitos sociais com a intermediação de conflitos internos existentes com a população residente em áreas do contorno da unidade, que é de proteção integral. Dois exemplos bem comuns são a proibição da caça na área e o deslocamento de animais do parque para as fazendas produtoras de frutas, acarretando prejuízos para os produtores.

Na área do Parque é proibido caçar, cortar árvores, retirar qualquer recurso natural (sementes, por exemplo), exercer atividade agrícola ou de pecuária. A entrada só é permitida com a autorização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, órgão responsável pela administração do Parque Furna Feia.

Os professores da Ufersa Vitor Lunardi e Diana Lunardi são pioneiros na realização de pesquisas na Furna Feia. O casal de professores reconhece a área como rica em biodiversidade e a considera como “verdadeiro laboratório ao ar livre”, pela vasta biodiversidade encontrada na caatinga e nas cavernas.  “Temos ainda o privilegio de a Ufersa se localizar a 40 quilômetros do Parque, o que facilita o desenvolvimento de pesquisas, bem como a realização de aulas de campo dos cursos de graduação e pós-graduação”, enfatiza o professor Vitor.

Além da preservação de um ecossistema de grande relevância ecológica, o Parque Nacional da Furna Feia também tem como objetivo a realização de pesquisas científicas e atividades educacionais voltadas para a preservação ambiental. Outro diferencial importante é o potencial do lugar para o turismo ecológico de aventura. Na área do Parque Nacional, com quase 8.500 hectares, já foram cadastradas 218 cavernas, algumas delas com fendas ainda não exploradas pelo homem, um ambiente espeleológico, ou seja, ideal para pesquisas e exploração. A Gruta do Pingo, que permanece úmida o ano inteiro; o Abrigo do Letreiro, que possui inscrições rupestres; e a Caverna Furna Feia, a maior do Parque Nacional, são os pontos mais atrativos para o turismo ecológico.

Com apenas 04 anos e criado por decreto presidencial, Furna Feia é o primeiro Parque Nacional do estado do Rio Grande do Norte, mas ainda carente de investimentos para receber adequadamente pesquisadores e visitantes. Não há nenhuma infraestrutura. O acesso é difícil e não possui logística adequada, nem mesmo uma base ou alojamento para abrigar os frequentadores.

Leonardo Brasil, chefe do Parque Furna Feia, justifica que a unidade ainda não foi aberta ao público para não se colocar em risco a segurança dos visitantes. “A Ufersa tem sido uma importante parceira com grande potencial para contribuir com o Instituto Chico Mendes no Plano de Manejo e no desenvolvimento do potencial turístico, subsidiando a criação das trilhas ecológicas, além da realização de pesquisas envolvendo a fauna e a flora do Parque Nacional”, sintetizou Leonardo Brasil.

 

PESQUISAS – Atualmente, a Ufersa desenvolve três trabalhos de pesquisa no Parque Furna Feia. O primeiro, “Turismo ecológico no Parque Nacional da Furna Feia, RN, Brasil”, das estudantes Mayara Santos e Géssica Raffaely. O estudo busca avaliar o potencial turístico do Parque Nacional Furna Feia e propor um plano de gestão integrada do turismo ecológico, incluindo a implantação de trilhas ecológicas para proteção e preservação, um programa de monitoramento do turismo e um programa de educação ambiental associado à comunidade local.

O segundo trabalho, dos estudantes Érica Medeiros Silva, Jânio Lopes Toquarto e Virginia Paixão, tem como tema “Serviços ecossistêmicos e biologia da conservação no Parque Nacional Furna Feia”, e visa investigar evidências de coevolução e coadaptação entre a fauna e a flora da Caatinga a partir da análise e descrição de suas relações evolutivas, especialmente a frugivoria, a dispersão e a predação de sementes por aves e mamíferos, e a polinização de flores por aves da Caatinga.

E a terceira pesquisa, das estudantes Ana Clara Cabral e Yara Lemos Paula avalia os “conflitos socioambientais entre fauna silvestre e agricultores na zona de amortecimento do Parque”. A pesquisa tem o objetivo de investigar o uso de áreas agriculturáveis por aves e mamíferos silvestres na Caatinga e possíveis conflitos com agricultores. A primeira pesquisa tem a orientação dos professores Diana Lunardi, Vitor Lunardi e Milena Wachlevski. As outras duas a orientação e do casal de professores.

 

 

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