Por Ilimar Franco – O Globo

 

A ex-presidente Dilma Rousseff já é passado. A bola agora está com o novo presidente, Michel Temer. Não adiantou Dilma alegar que todos pedalaram nem ter sido vítima de um golpe. Nem adiantará Temer denunciar que herdou uma massa falida. Todos os presidentes assumem uma herança e isso sempre explica suas limitações. Mas, e daí?

A população não é complacente. Ela transfere suas cobranças para quem está no poder. Até mesmo, porque para ela todo político é igual. Ela tem urgência e não vai querer um líder no muro das lamentações. Isso é cruel e injusto, mas é a vida. O governo terá que superar isso, mesmo que não tenha soluções imediatas.

Qual a tarefa de Temer ao dar seu pontapé inicial? Ele precisa ter a capacidade de encarnar a esperança de dias melhores e de convencer que ele é portador de um futuro promissor. Essa é uma tarefa simbólica e subjetiva, que deve ser enfrentada com medidas concretas.

Sua principal missão é falar para a maioria. Convencer os mais pobres que as políticas sociais serão mantidas e anunciar novas ações, como a do Cartão Reforma. Investir no emprego, incrementando obras públicas, como as do rio São Francisco. Poderia ampliar o crédito e manter os subsídios nas áreas que contribuem na qualidade de vida da maioria.

Os mais pobres são bombardeados pelos reajustes salariais para as corporações de servidores públicos. Proliferam notícias sobre o risco de redução de recursos para a Saúde e da adoção de medidas interpretadas como ameaça a políticas sociais, como o “Bolsa Família” e o “Minha Casa, Minha Vida”.

O novo governo terá que manter maioria política no Congresso e isso não lhe garante apoio para a aprovação de medidas polêmicas. Terá que conviver com o fantasma do processo do impeachment. O Congresso não será mais a arena. O embasamento técnico-jurídico que o motivou será submetido ao STF.

Promover o ajuste fiscal é necessário. Empresários, banqueiros, economistas e letrados sabem o que é um ajuste. Mas estes são a minoria, da minoria. O ajuste das contas públicas não tem a mesma compreensão pela maioria da população. Esta tem que enfrentar o dia-a-dia. Para esta, é de difícil assimilação aquele discurso de que políticas sociais não resolvem problemas estruturais e blá-blá-blá.

 

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