Por Carlos Chagas

É conhecido o episódio da chegada de Itamar Franco ao poder. Ao receber a comunicação de que substituiria Fernando Collor na presidência da República, declarou ser inaceitável um regime que não levasse a todos os cidadãos os benefícios da civilização e da cultura. Instalado no palácio do Planalto, dispensou todos os ministros e reuniu os dirigentes dos partidos políticos nacionais. Apenas o Lula negou-se a permitir que o PT comparecesse.

Itamar declarou que renunciaria caso não tivesse o apoio de todos. Ninguém saltou de banda, ficando os companheiros isolados. Foi composto um governo de coalizão mas jamais de imposição ou barganha. O novo presidente selecionou os melhores, dentro dos partidos e seu governo, logo depois transformado em permanente, é até hoje considerado o melhor, desde a redemocratização.

Lembra-se a experiência de tantos anos para se estabelecer a comparação: o afastamento de Dilma Rousseff seguiu o modelo do acontecido com Fernando Collor. Ambos se viram punidos pela falta de diálogo com o Congresso e pela presunção e arrogância no exercício do poder.

O problema é que a fórmula adotada por Itamar já tarda para Michel Temer, que se mudou todo o ministério de Dilma, não conseguiu compor um governo sob seu comando. Curvou-se às imposições dos partidos, que pressionam e vivem de chantagem sobre o presidente da República. Estabeleceram um mecanismo longe de favorecer a unidade administrativa, pois empenhado em disputas menores, mesquinhas e egoístas. Ainda há tempo para Temer rever a experiência de Itamar e, de acordo com as circunstâncias, seguir-lhe o exemplo.

 

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