Disputas pela presidência da Câmara causaram crises nos governos FHC, Lula e Dilma. O presidente Michel Temer tem motivos de sobra para evitar a antecipação das articulações sobre a próxima eleição para a presidência da Câmara, que acontecerá em fevereiro.
Nesta segunda, o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) interveio numa articulação que procurava tratar aliança entre partidos do chamado centrão e o PMDB para concorrer à sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente da Câmara.
Quando um governo tem uma base de apoio muito ampla, como aconteceu com FHC no primeiro mandato, com Lula no segundo termo e com Dilma no primeiro mandato, é fácil aprovar matérias com alto grau de consenso.
No entanto, uma base tão ampla tem partidos que pensam diferente sobre determinados temas. Isso aconteceu, por exemplo, na votação do Código Florestal no primeiro mandato de Dilma, quando ruralistas da base de apoio enfrentaram ambientalistas então alojados no governo.
As disputas pela presidência da Câmara têm histórico de criar grandes problemas para os presidentes da República. Na administração FHC, uma contenda entre Aécio Neves, do PSDB, e Inocêncio Oliveira, do então PFL, gerou um grande racha. Tempos depois, uma ala do PFL rompeu com FHC.
Na gestão Lula, houve a famosa eleição de Severino Cavalcanti, do PP, num momento em que o PT lançou um candidato menos competitivo à presidência da Casa.
Mas o maior exemplo de crise causada pela disputa da Presidência da Câmara foi a eleição de Eduardo Cunha, do PMDB, no início de 2015. Instalou-se no poder um inimigo que seria mortal para Dilma Rousseff. Se a então presidente tivesse feito um acordo efetivo com Cunha ou articulado uma alternativa com competência, a história do impeachment provavelmente teria sido outra.
Com pouco tempo efetivo de poder, porque é uma gestão com apenas mais dois anos e dois meses de duração, o governo Temer tem exemplos de sobra que recomendam evitar uma crise que nasça da disputa antecipada pela presidência da Câmara.
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