O final do ano de 2016 se aproxima, mas não paramos de ter movimentos político-econômicos apreensivos. Os desdobramentos dos fatos político-judiciais e dos eleitorais internacionais e municipais, tem tornado a cena econômica cada vez mais nebulosa, confusa, dir-se-ia até ciclotímica.
Os resultados das eleições nos EUA, com a inesperada vitória do candidato republicano pôs novamente em evidência preocupações com eventuais cenários político-econômicos internacionais que prejudiquem relações comerciais ou mesmo incitem nova onda de conflitos ou sabe-se lá o quê (tomara que nada de grave!), tal qual na experiência passada na última gestão republicana na Casa Branca.
O atual presidente americano (democrata) encerra um mandato visitando a Grécia, berço da democracia, concluindo um tempo no qual se tentou, ainda que simbolicamente, imprimir uma gestão de menos agressividade (comum aos EUA) em todos os sentidos, mas não tão exitosa, inclusive sem se evitar as continuadas ações preconceituosas, racistas e discriminatórias, embora tenha superado a crise econômica de 2008/09.
No Brasil o resultado das eleições municipais também permitiu análises com relação a um possível novo entendimento da sociedade e suas expectativas quanto às ações político-governamentais, o que pode estar sinalizando um desejo de mais “conservadorismo”, ou um posicionamento de se rechaçar posturas mais libertárias ou inovadoras. Isso pode ter ficado evidente nas principais capitais brasileiras, onde candidatos de pouca tradição política ou com posturas mais conservadoras se elegeram com relativa facilidade, ainda que a abstenção tenha sido muito grande e preocupante.
Entretanto convém salientar que ao mesmo tempo continua a ser observado um movimento judicial-policial de investigação-punição de lideranças politicas e empresários alimentando-se uma continuada crise político-institucional na qual se observa que os brasileiros parecem ficar cada vez mais órfãos de lideranças e de instituições/organizações saudáveis.
Se por um lado alguns alegam que essa turbulência pode fortalecer as instituições por outro há quem considere o aumento da sua fragilidade quando se observa ocorrências em que lideranças “batem boca” publicamente, com acusações mútuas, como os casos recentes envolvendo senadores com juízes de primeira instância, senadores com ministros de Estado, juízes de última instância discutindo com juízes de última instância, ex-governadores e importantes deputados federais sendo presos, grandes empresários tendo que delatar pra fugir da prisão, enfim…
Se algo nos conforta, é que parece que a crise não é só nossa. Muitos americanos e lideranças e segmentos de demais países também ficaram apreensivos com o resultado da eleição lá nos EUA, fazendo inevitável paralelo com a eleição e reeleição do último republicano e os fatos e desdobramentos decorrentes. É possível lembrar um editorial do jornal francês “Le Monde” num daqueles dias, que abertamente criticava a postura da sociedade americana em ter eleito e reeleito o candidato de então. Cabeça de eleitor é complicada…
Mas, enfim, não há bola de cristal que possa prever 2017. Em termos econômicos, principalmente. Todas as previsões feitas pros últimos anos erraram feito, salvo exceções bem exclusivas e pessimistas. A crise institucional, no Brasil, tem trazido profundas feridas cuja cicatrização demorará muito a acontecer. Os seus impactos negativos na economia não têm sido desconstruídos. De resto é observar e torcer para deixar de piorar. Parece que não temos a quem recorrer.
Por Márcio Araújo Economista /Doutor em Administração
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