Por Carlos Chagas

 

Papai Noel, hoje, não virá de trenó, puxado por renas reluzentes e cercado por centenas de criancinhas, cada uma com seu presente. Chegará de carroça, conduzida por um burro. E sem os presentes desejados. Para Michel Temer, trará um saco vazio, com a recomendação de preenchê-lo com promessas de emprego capazes de aparecer dentro de um ano.

O Lula receberá o diploma de candidato sem seu nome inscrito no envelope. Aécio Neves, Gerado Alckmin e José Serra vão ganhar a mesma mensagem desenhada a carvão: “Insista, não desista”. Ciro Gomes, o número “2022”, e Ronaldo Caiado, a imagem de uma fazendinha em chamas. Para Jair Bolsonaro, um soldadinho de chumbo, Marina Silva, uma placa dizendo “Menina não entra”. Joaquim Barbosa, uma toga com os dizeres “Tente outra vez”.

Para pelo menos 200 deputados e senadores, certificados de dispensa do exercício parlamentar, e a um número ainda desconhecido de ministros e ex-ministros, diplomas de conclusão do curso de mestrado em corrupção.

Mais triste nessa nova incursão do Papai Noel será o seu uniforme. Em vez de vermelho, preto. Quando sua carroça estiver sobrevoando a Praça dos Três Poderes, é provável que caia uma dessas tempestades de verão. Só que em vez de água, cairá do céu um líquido viscoso e mau cheiroso, responsável por matar a grama, as árvores e os jardins. No próximo Natal, quem sabe floresçam rosas. Ou cravos de defunto?

 

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