Mais uma pisada de bola
O presidente Michel Temer (PMDB) escorregou mais uma vez ao falar, ontem, sobre o massacre em uma penitenciária de Manaus. Prestou solidariedade às vítimas das famílias referindo-se ao caso como “acidente pavoroso”. A ideia era vir a público com o remédio – o anúncio antecipado do plano de segurança para lidar com tráfico, homicídios e prisões – e acalmar os críticos. Mas caiu mal, e as redes sociais enlouqueceram.
Os dias de silêncio do presidente após o escândalo foram, em poucas horas, substituídos por uma sucessão de equívocos. Frente aos comentários em relação ao termo, o presidente usou o Twitter para se defender, citando sinônimos: tragédia, perda, desastre, desgraça, fatalidade. Remendo desastroso. Afinal, de tantas opções, optou justamente pela mais ambígua.
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, mais afeito a polêmicas (basta lembrar a ‘proposta’ de erradicar a maconha!), conseguiu adotar tom pouco mais equilibrado ao explicar as iniciativas. Acusado de defender a linha punitivista, que prende muito, mas prende mal, defendeu a separação de presos por periculosidade e aplicação de penas alternativas para crimes sem violência. Falou sobre presos provisórios e detentos que já foram punidos.
Joga, no entanto, a responsabilidade sobre o ocorrido nos ombros da empresa responsável pelo Complexo Penitenciário Anísio Jobim/Compaj. O procurador-geral da República em exercício, Nicolao Dino, instaurou investigação do sistema penitenciário do Amazonas, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Rondônia. Objetivo: pedir federalização. Paralelamente, o governo anuncia a construção, sem prazo estipulado, de cinco novas penitenciárias federais.
A chacina em Manaus, que resultou na morte de 56 detentos, teve uma sequência de informações desencontradas entre as autoridades, e a omissão diante de alertas sobre a crise que se avizinhava. Nas 24 horas após a rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, e o secretário da Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes, deram opiniões divergentes sobre as razões do massacre.
Em outro momento, o representante do Governo Michel Temer disse que o Ministério não previa qualquer vingança por parte dos presos do PCC em outras prisões brasileiras e lembrou que o caso ainda está sendo investigado pela Polícia Civil amazonense. “Rebelião com esse grau de ferocidade, de barbárie, com morte de 56 pessoas, com fogo, não ocorre por um único fator. Rebeliões assim são comparadas com um acidente de avião, em que não há um único fator, mas uma somatória de fatores. Estamos analisando essa somatória de fatores e não há receio de haver retaliações”, afirmou.
Apesar do discurso de negação de Moraes – algo comum desde que ele foi secretário de Segurança no Governo de Geraldo Alckmin, em São Paulo – as imagens registradas pelos próprios detentos com telefones celulares mostram o contrário. Vídeos que circulam pela internet revelam que alguns dos sobreviventes da chacina comemoram as decapitações de rivais.
Fonte: Blog do Magno Martins
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