Por Josias de Souza

No mesmo dia em que a Procuradoria-Geral da República pediu a abertura de mais de 80 novos inquéritos no Supremo Tribunal Federal, Lula fez pose de vítima no seu primeiro depoimento como réu, na Justiça Federal de Brasília. Lula disse que há três anos vem sendo vítima de um massacre. As manchetes o perseguem. No café da manhã, no almoço, no jantar há sempre uma manchete insinuando que um novo delator irá acusá-lo, que sua prisão será decretada.

Lula disse tudo isso num processo em que foi delatado por um ex-companheiro: Delcídio Amaral. Esse ex-companheiro acusou Lula de tentar comprar o silêncio de outro delator da Lava Jato: o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, nomeado no governo. Não são as manchetes que perseguem Lula. O ex-presidente é perseguido pelas más escolhas que fez.

Delcídio era do PT. Quando foi preso, antes de virar delator, ocupava a função de líder do governo Dilma Rousseff no Senado. Nestor Cerveró foi colocado em postos de destaque na Petrobras para assaltar a estatal em nome do PT, do PMDB e até de Fernando Collor de Mello. Tudo isso para comprar a lealdade de aliados do governo do PT no Congresso.

O cotidiano de Lula é uma sucessão de poses. Ele faz pose de vítima no café da manhã, no almoço e no jantar. Mas a verdadeira vítima de todo o descalabro que o país assiste é o brasileiro em dia com os seus impostos. O petrolão é um mensalão hipertrofiado. Os dois escândalos começaram na gestão de Lula.

O fato de o ex-presidente estar sendo investigado representa uma evolução institucional, não uma perseguição. Cabe a Lula exercer o seu direito de defesa. Nessa hora, a pose de vítima adianta pouquíssimo. É preciso que por trás da pose exista uma noção qualquer de ética.

 

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