Por Carlos Chagas
Decidiu o presidente Michel Temer atenuar o texto da reforma da Previdência Social que, de resto, não seria aprovado por deputados e senadores. Vão-se os anéis, ficam os dedos, pois a verdade é que apesar de teoricamente contar com ampla maioria parlamentar, a dita reforma não passaria. Equivaleria, para o atual Congresso, decretar a pena de morte para os que ainda não nasceram. Já pressionados pela sombra das condenações e da inelegibilidade decorrente dos processos de corrupção a tramitar no Supremo Tribunal Federal, Suas Excelências corriam o perigo de não se reeleger, ano que vem. O governo ganhou sensível moratória com o recuo presidencial.
Temer espera ver a reforma previdenciária aprovada até julho, caso não surjam outros obstáculos. Ignora-se o potencial de desastres que os processos no Supremo causarão nas bancadas governistas, a começar pelo PMDB. Ministros e ex-ministros responderão a acusações de corrupção. Terão seus nomes expostos na mídia e talvez não consigam escapar.
Em entrevista recente, Michel Temer afirmou não ter cometido erros, em seus onze meses de poder. O problema é saber quantos acertos conseguiu. Voltar atrás na reforma da Previdência Social pode ter sido um deles, mas não basta. Apesar da disposição de não se candidatar em 2018, o presidente necessita manter unida sua base parlamentar. Henrique Meirelles conseguirá sucesso bastante em sua tentativa de recuperar a economia, a ponto de aspirar a indicação?
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