Curitiba proporcionará ao País, hoje, um dia histórico na política como desdobramento da operação Lava-Jato: o cara a cara entre o juiz federal Sérgio Moro e o ex-presidente Lula. A cidade está invadida por militantes petistas, que prometem um “dia de solidariedade” ao seu ídolo. Lula será ouvido na ação em que é réu sob acusação de ter recebido vantagens indevidas da empreiteira OAS, entre elas um tríplex em Guarujá, no litoral de São Paulo. A defesa do ex-presidente nega que ele tenha cometido irregularidades e tem dito que Sergio Moro age de forma parcial no processo.

Ao falar sobre o interrogatório, aguardado com grande expectativa no País, o juiz fez a ressalva de não se tratar de um confronto, preocupado com o clima de disputa que se formou em torno da audiência. “O processo não é uma guerra. O processo não é uma batalha, o processo não é uma arena. Em realidade as partes do processo são a acusação e a defesa. Não o juiz. O juiz não é parte no processo”, afirmou.

Moro disse que estava preocupado com o que classificou de clima de confronto. “Preocupa-me essa elevada expectativa em relação a algo que pode ser extremamente banal. E diga-se: nada de conclusivo vai sair nessa data”, advertiu. Sem citar o nome de Lula – o chamou apenas de “o acusado”–, o juiz afirmou que, apesar das expectativas, o depoimento é “normal dentro do processo”.

Comparou com o primeiro interrogatório de Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira, na Lava Jato, em 2015, que considerou “absolutamente banal”. “O fato é que esse interrogatório é meramente uma oportunidade que o acusado tem de se defender no processo”, disse, acrescentando que o réu pode “até faltar com a verdade”, já que a legislação não prevê crime de falso testemunho em oitiva de acusado.

O juiz voltou a pedir que apoiadores da Lava Jato não façam manifestações para evitar problemas de segurança. “Usando aquelas metáforas futebolísticas: é melhor que seja um jogo de uma torcida única”. “Eu digo isso com tranquilidade porque eu não sou algum dos times em campo, eu sou um juiz”, afirmou.

A Federação de Indústrias do Paraná lançou uma campanha para que, hoje, dia do depoimento de Lula a Moro, as pessoas usem camisas brancas e estendam bandeira verde e amarela em suas janelas. O PT, associado a centrais sindicais e movimentos sociais, planeja reunir pele menos 50 mil pessoas na capital paranaense. Mais de 70 caravanas de ônibus foram mobilizadas em todo o País.

A Justiça de Curitiba decidiu suspender todas as atividades hoje, dia do depoimento, para permitir a entrada no prédio apenas de quem estiver diretamente envolvido na oitiva de Lula. O entorno do edifício da Justiça será bloqueado, num raio de cerca de 150 metros, com acesso liberado apenas para moradores e jornalistas credenciados para a cobertura.

 

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