Por Pedro do Coutto
Lendo-se com atenção a matéria de Aguirre Talento, revista Época que está nas bancas, chega-se à conclusão que provavelmente confiar de modo absoluto no marketing político e nos marqueteiros João Santana e Mônica Moura foi o maior erro cometido pelos ex-presidentes Lula e Dilma, erro que vai lhes dar muito trabalho nesta alvorada de delações premiadas. Confiaram demais, atribuíram poderes mágicos ao setor, esqueceram que o exercício do poder é muito mais político do que comercial. A diferença, aliás, entre informação jornalística e publicidade comercial.
A publicidade comercial é um axioma; o contrário de seu oposto, o teorema. O axioma rege a publicidade comercial que inunda os jornais e revistas, as emissoras de TV e de rádio. Uma empresa diz que seu produto é o melhor e mais barato e fica por isso mesmo. A comunicação comercial é um fim em si mesma. A informação jornalística reveste-se do conteúdo político indispensável à sua credibilidade. A diferença entre os dois universos pode ser medida com base na necessidade de conteúdo concreto.
CONFRONTAÇÃO – Dificilmente a opinião pública vai confrontar o que foi veiculado comercialmente com o que acontece na prática. Na informação jornalística – política, portanto – os efeitos da informação são sentidos pela sociedade. Por isso, se um governante atrasa o cumprimento de direitos, com está acontecendo no Rio de Janeiro em matéria de salários, o choque da realidade se faz sentir diretamente. Da mesma forma que se os salários ganharem da inflação oficial os reflexos também vão se fazer sentir diretamente no mercado de consumo. Essa diferença é essencial para efeito de análise do atual panorama político do país.
Os marqueteiros de ontem tornam-se delatores de hoje, arrastando consigo inevitáveis efeitos em cadeia. O marketing é uma estrada para a mágica, que por sua essência representa a antítese da lógica.
SABIAM DEMAIS – João Santana e Mônica Moura são personagens de um enredo no qual eles sabiam demais das coisas. Com isso, agrava-se a situação jurídica de Lula e Dilma Rousseff, sendo que na versão de Mônica a ex-presidente chegou ao ponto de aconselhá-la a transferir conta existente na Suíça para o universo de Cingapura, cujos segredos estariam sendo melhor conservados do que aqueles que fizeram um paraíso nos Alpes da Europa.
Com isso, diante desse quadro, complica-se a situação de Lula, de Dilma e até do PT. Não serviram os exemplos deixados por Duda Mendonça na campanha de 2002, quando o marqueteiro de então revelou ter recebido 10 milhões de dólares nos Estados Unidos. Lula repetiu o erro e Dilma Rousseff seguiu a mesma trilha em 2010 e 2014. Agora vão ter muito trabalho pela frente para se defender. E Duda Mendonça, também, porque foi novamente apanhado.
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