O presidente Michel Temer será investigado por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça, no inquérito aberto esta semana pelo Supremo Tribunal Federal com base na delação do empresário Joesley Batista. Os documentos liberados na tarde desta sexta-feira, 19, revelam que Temer é acusado de receber cerca de 15 milhões de reais pela sua atuação em favor dos interesses da JBS, empresa dos irmãos Batista – Joesley e Wesley. O presidente também é citado como tendo se associado ao senador afastado Aécio Neves na tentativa de interferir nas investigações da operação Lava Jato.
“Verifica-se que Aécio Neves, em articulação, dentre outros, com o presidente Michel Temer, tem buscado impedir que as investigações da Lava Jato avancem, seja por meio de medidas legislativas, seja por meio de controle de indicação de delegados de polícia que conduzirão os inquéritos”, diz a Procuradoria-Geral da República no pedido de inquérito aceito pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo.
A PGR aponta que o próprio Temer indicou o deputado federal afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para ser um interlocutor de confiança para Joesley Batista que, em encontro gravado no Palácio do Jaburu, reclama que havia perdido o contato no governo desde a saída do ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, com quem vinha conversando desde o início da gestão Temer. O empresário descreveu e gravou vários encontros com Loures, a quem teria oferecido 5 por cento dos lucros que passaria a ter com a solução de um impasse que a empresa tentava resolver no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Segundo Joesley, Loures teria entendido que a oferta seria de propina e o deputado –à época assessor especial de Michel Temer na Presidência– teria respondido “tudo bem, tudo bem”.
Fachin, chegou a devolver o pedido de abertura de inquérito contra Temer à PGR pedindo mais explicações, mas ao final decidiu pela autorização. O ministro concordou com a argumentação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de que os crimes teriam acontecido durante o mandato e continuavam acontecendo. Em sua decisão, o ministro afirma que é necessária a abertura de investigação imediatamente porque “práticas supostamente criminosas cuja execução e exaurimento estão em curso ou estão prestes a ocorrer” precisavam da imediata intervenção do Estado.
Em nota divulgada nesta sexta, Temer negou ter recebido valores que não fossem os permitidos pela lei eleitoral. O presidente reiterou que não tem envolvimento em nenhum tipo de crime.
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