Via Estadão
O PT fechou nesta quarta-feira, dia 31, um projeto de resolução a ser votado no sábado em seu 6º Congresso, que prevê o boicote e a não participação do partido em eventual Colégio Eleitoral, caso deputados e senadores tenham de escolher um substituto para o presidente Michel Temer. A sigla prega eleições diretas para presidente da República e vai insistir nessa bandeira, na tentativa de se reaproximar da sociedade após ser envolvida em escândalos de corrupção. Mesmo assim, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quer que o congresso do PT – a ser realizado de quinta-feira a sábado em Brasília – lance agora sua candidatura ao Palácio do Planalto.
Lula acha que o movimento poderia constranger outros aliados adeptos da campanha por ‘Diretas Já’. Além disso, seus advogados avaliam que não é conveniente “provocar” antecipadamente o Judiciário.
EVITAR NOVO RACHA – O ex-presidente já está em Brasília, para se reunir antecipadamente com representantes de todas as correntes petistas, para cobrar unidade no 6º Congresso do PT e evitar novo racha público. Lula não quer, por exemplo, que uma polêmica doméstica, como a discussão sobre o fim ou a continuidade do Processo de Eleição Direta (PED) para escolha do comando do partido, contamine o debate sobre temas de relevância nacional.
Réu em cinco processos, sendo três no âmbito da Operação Lava Jato, o ex-presidente pode ser impedido de concorrer ao Planalto, em 2018, se for condenado em segunda instância pela Justiça. É justamente por isso, no entanto, que muitos petistas acreditam que o encontro do PT é a melhor época para tentar empurrar sua candidatura, denunciar o que chamam de “golpe” continuado e ir para o enfrentamento.
“A militância pode até lançar o Lula, mas o que ele acha importante, neste momento, é manter a unidade. E a única palavra que unifica essa frente suprapartidária é eleição direta”, disse o ex-ministro Gilberto Carvalho. “Eleição indireta para substituir Temer significa a continuidade das reformas e nós somos frontalmente contra isso”, completou ele, numa referência às mudanças na Previdência e na legislação trabalhista, propostas por Temer.
GLEISI DISCORDA – A líder do PT no Senado, Gleisi Hoffmann (PR), não vê motivos para adiar o lançamento da candidatura do ex-presidente. “O medo que muitos partidos expressam é porque não têm candidato. Mas nós não temos culpa disso”, argumentou a senadora, que é favorita para presidir o PT e deve ser eleita no próximo sábado, substituindo Rui Falcão.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) também disputa o comando do partido, mas projeções feitas com base nas eleições para os diretórios estaduais e municipais mostram que sua indicação não terá maioria no encontro. Lula tentará fazer um acordo com todas as tendências para compor a direção petista e, nesse quebra-cabeças, Lindbergh pode ficar com a primeira vice-presidência.
Com 600 delegados, o 6º Congresso do PT será realizado na esteira da maior crise do partido, que completou 37 anos em fevereiro. Cassada pelo processo de impeachment, em agosto do ano passado, a ex-presidente Dilma Rousseff também comparecerá ao encontro.
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