Com a vitória no TSE, o presidente Michel Temer vai ficando no cargo. A menos que apareça algo novo, ele também deve resistir à investida do procurador-geral da República, pois tem os 172 deputados necessários para evitar a abertura de um processo penal. O mesmo vale para o impeachment. O juízo político precisa ser autorizado por igual número de representantes.
A essa altura, o cenário mais verossímil para sua queda é o surgimento de uma nova denúncia que o faça perder sua base na Câmara ou desencadeie uma onda de protestos populares que tornem sua permanência insustentável. A nova denúncia é até provável. Pode vir de uma eventual delação premiada de Rocha Loures ou de Eduardo Cunha ou mesmo das investigações policiais. Não há garantias, porém, de que mais acusações produzam efeito diferente do que teve o áudio de Joesley.
Quanto aos protestos, eles são de fato uma incógnita. Ninguém sabe bem como surgem. Uma das poucas pistas que a literatura nos dá é que eles são mais comuns quando a população tem expectativas elevadas que, por algum motivo, são frustradas. Faz bem uns dois anos que as expectativas estão ao rés do chão. Para coroar isso, a cada mês que Temer consegue agarrar-se ao posto, menos sentido prático há em tirá-lo, já que a eleição direta para escolher seu substituto fica mais próxima.
Essa situação pode trazer alívio no front econômico, mas é muito ruim para a pauta ética, já que vamos engolindo um presidente que não reúne condições morais de ocupar o cargo. Tolerar isso é debilitante para as instituições. Nossa dificuldade de fundo é que estamos jogando simultaneamente dois jogos pouco compatíveis. Precisamos fazer com que as instituições republicanas se aprimorem e, ao mesmo tempo, enfrentar a crise econômica. Como esses objetivos são muitas vezes contraditórios, qualquer solução deixará necessariamente muito a desejar.
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