Por Bernardo Mello Franco – Folha de S.Paulo
Lula, Doria, Alckmin, Ciro, Bolsonaro. Os cinco políticos têm percorrido o país em campanha aberta à Presidência. Faltava Marina Silva, que deve concorrer ao Planalto pela terceira vez em 2018. Para alívio dos aliados, a ex-senadora começa a sair da toca. Nesta semana, ela voltou a ter agenda de candidata. Na quarta, reapareceu no Congresso para um ato em defesa da Amazônia. Foi cortejada por deputados e posou para dezenas de selfies.
No sábado, Marina vai a Macapá para outra manifestação a favor da floresta. No domingo, retorna a Brasília para a Virada do Cerrado. Entre os compromissos, ela reservou dois dias para reuniões em São Paulo. A quem reclama de seu sumiço, a ex-senadora diz que não tem mais cargo público e que nunca deixou de se expressar nas redes sociais. “Já tem muita gente repetindo o meu discurso por aí”, brinca. “Toda hora tem alguém falando em nova política, dizendo que não é de esquerda nem de direita, tirando o “P” do nome do partido…”, enumera.
Marina ainda não assume que é candidata. Mesmo assim, critica possíveis adversários e reconhece que deve enfrentar mais dificuldades do que em 2010 e 2014. “Com certeza, será a eleição mais difícil”, avalia. A ex-senadora diz que as mudanças na lei eleitoral sufocaram o crescimento da Rede Sustentabilidade. Ela prevê que terá apenas 12 segundos de propaganda caso não consiga atrair outras siglas. Também corre o risco de ficar fora dos debates de TV.
“Fizeram uma legislação para manter PT, PMDB e PSDB no poder. É uma cláusula de barreira para impedir a renovação na política”, critica.
Para romper o isolamento, Marina insiste que buscará alianças nos “núcleos vivos da sociedade”. “Mas isso é diferente de vestir um disfarce de não-político”, afirma. “A Dilma veio com o rótulo de gestora e olha o que aconteceu. Agora o discurso do Doria é muito parecido com o dela. Não é possível que o Brasil caia nisso de novo”, alfineta.
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