Por Pedro do Coutto

Numa longa entrevista a Maria Cristina Fernandes, suplemento do Valor, edição de sexta-feira, o ministro aposentado do STF, Joaquim Barbosa, afirmou existir uma balbúrdia institucional no Brasil, pois o país foi sequestrado por um bando de políticos inescrupulosos que reduziram nossas instituições a frangalhos. Em nenhum país do mundo – destacou – o chefe de Governo permaneceria no cargo depois das acusações que foram feitas contra Michel Temer. Para Joaquim Barbosa, Michel Temer deveria ter tido a honradez de deixar a Presidência da República.

Joaquim Barbosa, de acordo com o texto de Maria Cristina Fernandes, seria um candidato forte à sucessão presidencial de 2018. Na entrevista, em princípio negou ser candidato, porém o tom da negativa não foi definitivo. Abriu assim a perspectiva de eventualmente assumir a candidatura, lembrando já ter recebido convites de partidos políticos como a Rede, de Marina Silva, de setores do PSB e de correntes até do PT.

E A FILIAÇÃO? – A intenção ficou no ar. Mas, digo eu, se o movimento em torno de seu nome se consolidar numa legenda, ele terá que se filiar a esse partido até 7 outubro, pois  a legislação eleitoral estabelece a exigência de um ano de filiação partidária para todos os candidatos de modo geral.

Por coincidência, na mesma sexta-feira, em entrevista a Folha de São Paulo, o governador Geraldo Alckmin afirmou que será candidato à sucessão de Michel Temer, rompendo assim abertamente com o prefeito João Dória que também postula ser candidato do PSDB. Na área dos tucanos, são os dois nomes fortes, uma vez que Aécio Neves e José Serra, especialmente o senador mineiro, foram fortemente atingidos pelas delações premiadas de Joesley Batista.

PRESIDENCIALISMO – Mas vamos voltar a Joaquim Barbosa. O ministro aposentado do STF sustentou ser contrário a qualquer iniciativa que signifique um esforço para transformar o regime de Presidencialista em Parlamentarista. A seu ver, trata-se de uma ideia absolutamente caótica, sobretudo porque o Parlamentarismo já foi rejeitado maciçamente em dois plebiscitos: de 1963 e o de 1993. Perguntado por que a população se mobilizou para derrubar Dilma Rousseff e não se mobilizou para afastar Michel Temer, acentuou acreditar que a explicação se encontra no cansaço da sociedade diante da instabilidade política do país. A entrevistadora lembrou que Joaquim Barbosa possui uma popularidade muito ampla, não só junto às classes de menor renda, como também em relação a classe média, e o entrevistado permaneceu em silêncio diante da colocação.

CAPITALISMO – Em seguida, retomando o diálogo, Barbosa sustentou que o Brasil precisa de um capitalismo de verdade. Uma união entre o capital e o trabalho. Para ele, a Democracia baseia-se na ideia de Jean Jacques Rousseau que há séculos atrás equacionou dessa forma as forças produtivas dos países. Ressaltou, entretanto, que o tamanho do Estado na economia precisa ser diminuído, porém o mais essencial é o combate frontal e vigoroso à corrupção.

A respeito de seu conhecimento com a História Francesa, incluindo seus princípios essenciais de liberdade, Joaquim Barbosa lembrou ter residido quatro anos naquele país onde cursou mestrado em Direito. Formou-se em Direito logo após trabalhar como jornalista no Correio Brasiliense e no Jornal de Brasília.

BESTIALIZAÇÃO – Num dos trechos da reportagem, Barbosa, focalizando a campanha para 2018 disse identificar dificuldades, pois o país está sendo bestializado pelo governo Michel Temer e pelo descrédito nas instituições. Por isso a magistratura comanda o espetáculo e tem encontro marcado em 2018.

Joaquim Barbosa não esclareceu a qual tipo de encontro está no seu pensamento. Mas também não havia necessidade. Logicamente poderá marcar presença numa convergência da ética e da honestidade contra corrupção, os corruptos, os corruptores. Deixou no ar se será ou não personagem de tal jornada. Mas o que falou foi suficiente como mensagem aberta à população brasileira.

 

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