Por Carlos Newton

A crise entre o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente Michel Temer continua a se agravar, mesmo depois de o chefe do governo ter tentado uma reaproximação, ao convidar o parlamentar para uma reunião nesta quarta-feira e depois ligar, na quinta-feira de manhã, a pretexto de agradecer o empenho de Maia para a aprovação do projeto de lei que aumenta o poder de fogo do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para punir crimes no sistema financeiro.

TEMER ESNOBOU – Já faz dois meses que Maia começou a se descolar do Planalto e o presidente tentou esnobá-lo, “delegando”poderes ao ministro tucano Antonio Imbassahy, que hipoteticamente é responsável pela articulação política do governo, e deu tudo errado.

Maia nem quis assunto com Imbassahy e o desentendimento foi se aprofundando, porque a questão pouco tem a ver com o governo atual, que está em final de carreira. O verdadeiro foco do problema é a sucessão presidencial, que já começa a pegar fogo. Maia quer fortalecer o DEM e a única maneira de conseguir é se desgrudar do governo e passar a fazer oposição.

MUITA BOATARIA – Em Brasília, como sempre, a boataria corre solta, em meio a notícias verdadeiras e falsas, que são “plantadas” ou “vazadas” indiscriminadamente. O Planalto, que parece ser conduzido por roteiristas de “Os Trapalhões”, tem uma assessoria formada de abestados.

Temer convidou Maia para uma reunião depois de seu advogado ter acusado a ocorrência de um “vazamento criminoso” dos vídeos da delação do doleiro Lúcio Funaro, pensando que teria sido a Polícia Federal ou a Procuradoria-Geral da República. O ilustre causídico se deu mal, porque a divulgação das filmagens foi feita dentro da lei, pela Mesa da Câmara dos Deputados. Não houve vazamento.

Este foi o tema da reunião, em que Temer tentou um acordo, ofereceu ao DEM a presidência do BNDES, Maia recusou, e a assessoria do Planalto divulgou a notícia mentirosa de que eles tinham tratado do rito processual da denúncia do Supremo contra o o chefe do governo.

REAÇÃO VIGOROSA – Rodrigo Maia não deixou barato e mandou a presidência da Câmara lançar uma nota oficial classificando de “falsa” a versão do Planalto para a reunião que manteve com Temer. É grave a crise e Rodrigo Maia está definitivamente descolado do Planalto. Agora, é um ex-aliado ou um neoinimigo. E não pretende facilitar a aprovação dos projetos de Temer na Câmara.

O fato é que Rodrigo Maia é um nome em ascensão na política. Demonstra enorme habilidade na política de bastidores e se tornou o mais importante e influente deputado federal. Temer se enganou com ele, pensou que poderia manipulá-lo eternamente.  E também se enganou em relação à procuradora-geral Raquel Dodge, que já demonstrou que não vai se curvar perante o presidente da República e exige a revogação da portaria do crioulo doido, que restabeleceu a escravidão no país.

 

Seja o primeiro a comentar


Poste seu comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos obrigatórios estão marcados com *