Via Estadão

A hesitação do presidente da República, Michel Temer, em nomear e empossar na última quarta-feira, 22, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) na Secretaria de Governo fez com que voltassem a circular nos bastidores da base governista nomes alternativos para o cargo de ministro da articulação política, atualmente ocupado pelo deputado Antônio Imbassahy (PSDB-BA).

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), costura para que o cargo seja entregue ao ex-ministro Roberto Brandt (Previdência no governo FHC), que foi do PFL e do PSD e recentemente ajudava na construção de um novo programa para a reformulação do DEM. Maia tenta repetir a estratégia que usou para emplacar o deputado Alexandre Baldy (sem partido-GO) no Ministério das Cidades.

Ele conta com a simpatia de deputados da bancada mineira, que se queixa de sub-representação no primeiro escalão ministerial, e seria alçado ao cargo com aval de um consórcio de partidos formado por PP, PR, DEM, e o PSD do ministro Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações). Ele é ligado ao ex-senador catarinense Jorge Bornhausen, que esteve com Temer e Kassab no último sábado em São Paulo.

Outro nome que continua rondando a cadeira da Secretaria de Governo é o do ex-deputado João Henrique Sousa (PMDB-PI). Amigo pessoal de Temer, ele agrada aos demais ministros políticos do Planalto, Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral da Presidência), com os quais possui trânsito porque foi dirigente da Fundação Ulisses Guimarães, presidida por ambos. Atualmente, ele é presidente do Conselho Nacional do Sesi e pré-candidato ao governo do Piauí.

João Henrique tem participado de reuniões com Temer e trata a nomeação como “boato”, o que é visto como uma maneira de se preservar. O ex-deputado já havia sido cotado para a articulação política do Planalto quando o ex-ministro Geddel Vieira Lima pediu demissão, mas acabou preterido por Imbassahy. O piauiense é réu, denunciado por corrupção passiva, em duas ações penais (em uma delas, está prestes a receber sentença) e uma de improbidade administrativa por desvios na época que presidiu os Correios, caso que originou em 2005 o escândalo do mensalão.

Ele foi acusado de, por meio de subordinados, solicitar a empresários que disputavam contratos na estatal dinheiro e material para campanha de Confúcio Moura, eleito prefeito de Ariquemes (RO) em 2004, pelo PMDB. O advogado José Cupertino da Luz Neto disse que o Ministério Público não conseguiu comprovar o crime atribuído a João Henrique.

Deputados do PMDB dizem que o líder do partido na Câmara, Baleia Rossi (SP), trabalha pela nomeação de Marun e vetou a indicação de João Henrique porque ele não seria conhecido entre os atuais integrantes da bancada.

Segundo deputados que jantaram com Temer na noite de quarta-feira, Marun ainda é o mais cotado para assumir o posto por ter mandato atualmente. Ele circulou ontem no plenário da Câmara e já era chamado de “ministro” pelos demais deputados. Há quem interprete, porém, que o vaivém em sua nomeação pode “queimar” seus planos de virar ministro.

Aliados do presidente, mesmo os que reconhecem a necessidade de substituir Imbassahy, dizem que ele foi contra a tentativa de deputados peemedebistas de demitir o tucano publicamente, o que provocou a reação do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Um dos ministros mais próximos de Temer diz que Imbassahy foi fiel a Temer e não pode haver ingratidão.

 

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